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Corações Perdidos | Crítica

Bom elenco não salva roteiro esgarçado

07.07.2011, às 18H08.
Atualizada em 02.11.2016, ÀS 02H02

Parecia uma boa ideia o minimalismo de ter apenas três personagens no drama Corações Perdidos (Welcome to the Rileys, 2011). Mas falta estofo no texto e foco na direção para justificar os talentos de James Gandolfini (Família Soprano), Melissa Leo (O Lutador) e Kristen Stewart (Crepúsculo).

Corações Perdidos

Corações Perdidos

Corações Perdidos

Na trama, Gandolfini faz Doug Riley, um homem de negócios que se afastou gradativamente da esposa agorafóbica (Leo), depois que a filha do casal morreu. Quando ele perde também sua amante, Doug fica ainda mais sem rumo, até que, em uma viagem de negócios a Nova Orleans, conhece a stripper de 16 anos Mallory (Stewart), que o lembra de sua filha. Ele então decide ajudá-la.

Em seu segundo longa-metragem, o diretor de videoclipes Jake Scott, filho do cineasta Ridley Scott (que produz o filme), erra ao confiar demais no roteiro de Ken Hixon. A qualidade de atuação está garantida com os talentos que reuniu, mas as duas horas de filme simplesmente não saem das mesmas situações: Mallory entrando em confusões e Doug a ajudando. Iniciam-se possibilidades várias, como o senhorio da prostituta tentando forçá-la a trocar favores por sexo, a superação e a viagem da esposa de Doug, o fechamento da boate em que Mallory trabalha e uma doença venérea, entre várias outras... mas todos esses eventos são rapidamente esquecidos em favor da mesmice: o casal levando a prostituta para comprar calcinhas e a arrumação de sua casa.

Falta experiência a Scott, que parece encantado e confortável com trivialidades. Assim, acontecimentos paralelos que poderiam ampliar o drama, torná-lo mais relevante, não são desenvolvidos. O minimalismo vira defeito e faltam mais personagens e conflitos. Nem os poucos que são efetivamente criados conseguem manter o interesse durante as duas longas horas de projeção. O mundo da prostituta é seguro demais para que consigamos dividir a aflição de seus novos "pais".

Com Scott ausente, salvam-se Gandolfini e Leo, que operam com a segurança habitual e buscam abordagens distintas para os tipos de personagens consagrados que têm à disposição. Já Stewart se segura como pode. Começa muito bem, quando precisa parecer sedutora e está em cena apenas com Gandolfini, mas tem suas deficiências evidenciadas quando precisa atuar perante Melissa Leo e ir mais a fundo nas emoções da sua mal-desenvolvida personagem. Até a maquiagem de Mallory é equivocada durante o filme, ora muito carregada (sugerindo um problema com drogas que não é explorado), ora limpinha, quase angelical.

Se Scott não conseguiu causar alarde com seu debute, Plunkett & Macleane: Os Saqueadores, agora afunda de vez sua carreira como diretor de longas-metragens. Que volte aos videoclipes, sua praia, em que ideias podem ser esgarçadas ao longo de 3 minutos e continuam interessantes.

Nota do Crítico
Regular