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Cloverfield - Monstro | Crítica

Bichão criado por J.J. Abrams destrói Nova York com estilo

07.02.2008, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H33

Como já dissemos aqui outras vezes, a alta expectativa pode acabar com um filme. Então, vou tentar desde já diminuir um pouco a sua ansiedade para ver Cloverfield - Monstro (Cloverfield - 2008) e assim salvar a sua sessão de cinema. Para começar, este não é o filme do ano. Apesar de toda a campanha viral, que envolveu blogs, vídeos em diversas línguas e muita falação, Cloverfield é apenas entretenimento. O monstro é gigante e destrói Nova York? Sim, mas isso você já sabia desde o começo, quando o pôster com a Estátua da Liberdade decapitada foi mostrada pela primeira vez.

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Pronto. Funcionou? Então vamos ao que interessa. E isso não envolve o formato, tamanho ou voracidade do monstro. O filme, acredite, pouco tem a ver com este ser que aparece do nada e dá inicio a uma destruição incessante ao coração de Nova York, Manhattan. A grande sacada é usar este sentimento de impotência - algo intensificado depois do 11 de Setembro - para focar no drama dos personagens, homens e mulheres solitários no meio do caos sem sentido que toma de assalto uma das maiores metrópoles do mundo. E por isso é mais fácil compará-lo ao Tubarão de Steven Spielberg, do que aos Godzillas que já destruíram muitas cidades mundo afora.

Outro segredo compartilhado com o peixão spielberguiano está na tensão criada por aquilo que não se vê. É um rabo aqui, uma explosão ali, soldados lançando mísseis por todos os lados e muita correria. O ponto de vista do espectador grudado na cadeira é o mesmo dos personagens. A câmera em primeira pessoa está nas mãos de Hud (T.J. Miller), melhor amigo de Rob Hawkins (Michael Stahl-David). Ele estava registrando a festa de despedida de Rob - de partida para o Japão - quando as explosões começam. Filhote da geração YouTube, que não deixa escapar um tropeção na rua despercebido, ele corre, pula, cai, se machuca e fica cara a cara com o monstro sem deixar o botão do REC em paz. Apesar de aumentar o realismo do filme, tal recurso tem causado também incômodo em algumas pessoas, que saíram enjoadas dos cinemas. A dica é não se sentar muito perto da tela e, no meio da correria, tentar fixar o olhar em algum ponto na tela. Se não funcionar, pegue um saquinho extra de pipoca...

Ok, você pode não ter gostado da piada, mas é bom se acostumar. Além de toda a ação e o drama dos pergonsagens, Cloverfield também tem a sua dose de humor. Humor negro, vale dizer, mas bem-vindo para dar uma respirada entre uma correria e outra. E para quem gosta de romance, também tem! Rob está indo para o Japão de coração partido. Sua longa amizade com Beth (Odette Yustman), que por uma noite virou "algo-mais", também estava gravada na câmera e alicerça o filme todo em formatos de flash-back (herança de Lost?). Os nomes dos atores, caso você não esteja se questionando, são mesmo desconhecidos e este é mais um dos acertos do diretor Matt Reeves e o produtor J.J. Abrams. Rostos famosos não dariam o ar realista que um projeto como este necessita. E que isso não seja confundido com má qualidade. No que diz respeito a correr, gritar, parecer ofegante e ansioso, todos estão ótimos!

Alguns puristas podem dizerm que seria impossível a bateria da câmera durar tanto tempo. O que é bem verdade. Se os roteiristas se preocuparam com o celular que não funcionava, podiam ter procurado uma explicação para a tal bateria infinita. Mas estamos falando de um filme de monstros da altura dos maiores arranha-céus de Nova York e, acredito eu, procurar lógica apenas na câmera é como culpar a azeitona da empadinha pela quarta-feira de cinzas na maior ressaca do mundo.

Para terminar, é necessário desfazer a comparação entre A Bruxa de Blair e Cloverfield. Os dois usaram muito bem a internet, têm câmera na mão e personagens caminhando em terrenos rumo ao desconhecido. E pára por aí. É impossível colocar lado a lado o orçamento de 30 mil dólares do primeiro com os 30 milhões de dólares do outro. E se isso ainda não te convenceu, saiba que Cloverfield gera uma vontade de voltar ao cinema mais uma vez - seja para uma provável seqüência ou até mesmo para uma nova sessão de destruição por Nova York atrás de pistas do monstro, como os barulhos escondidos no fim dos créditos.

Assista a cinco comerciais

Nota do Crítico
Ótimo