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Crítica

Caça Invisível é uma infeliz perda de tempo

Thriller alemão da Netflix não tem tensão, expectativa nem suspense

15.09.2021, às 09H35.

Existe um momento em Caça Invisível, longa alemão da Netflix que acompanha cinco amigos em uma floresta, caçados por algum motivo desconhecido, em que dois dos companheiros brigam por motivos comerciais. Eles estão perdidos, isolados, sem contato com o mundo, no meio de uma floresta íngreme, e servindo como alvos de um atirador quando resolvem discutir investimentos da empresa que fundaram juntos. Nesse contexto, nosso único personagem carismático grita um “f***-se a empresa!”. Este é o único lampejo de racionalidade em Caça Invisível

É uma infelicidade, porque o filme tem uma simples - e boa - premissa, difícil de levar para o caminho errado. O conceito da caça humana, ainda mais quando ela absolutamente misteriosa, é geralmente certeira, até quando sua explicação é altamente questionável, como visto recentemente em A Caça, de Craig Zobel. O que falta no novo filme da Netflix é um cuidado com seus personagens, que não despertam empatia nem curiosidade no espectador. 

Talvez isso seja porque os cinco homens na floresta não têm um traço de personalidade que os divide ou os une - exceto, talvez, uma antipatia em comum. Apesar do início em que eles brincam de duelo na água e parecem compartilhar bons momentos, nada em Caça Invisível convence de que Roman, Albert, Peter, Vincent e Stefan mantiveram uma amizade muito duradoura. Com discussões e silêncios não muito frutíferos entre todos, o longa aproveita o vácuo para trazer flashbacks da vida amorosa de Albert, deixando o espectador questionando porque isso acontece - até, no final, dar uma resolução que não compensa o tempo perdido. 

A tomada de decisões estúpidas também não é inédita - ainda mais no gênero do terror -, mas elas incomodam menos quando são tomadas por uma vítima confusa e sozinha. Aqui, a quantidade de decisões bizarras tomadas por tantas pessoas juntas é quase insuportável. Durante a escapada de nossos cinco protagonistas, erros absurdos são seguidos, como a decisão de se afastar do carro em direção à floresta para despistar o inimigo ou abandonar uma ligação para a polícia no meio para sair correndo. 

Dito tudo isso, vale ressaltar que Caça Invisível não é um fracasso cinematográfico; seus atores são competentes, mas o filme simplesmente não sabe presentear o espectador com qualquer elemento que faça valer a jornada. Adentrando o universo da caça, espera-se, no mínimo, cenas de acelerar o coração, tensão, mistério sobre a justificativa dos acontecimentos ou uma metáfora maior, algo que represente a jornada dentro da qual estamos vendo cada um dos personagens desfalecer. Mas o filme termina quase tão irrelevante quanto começou, sem respostas satisfatórias nem um momento climático compensador. 

Nota do Crítico
Ruim