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Caça aos Gângsteres | Crítica

Foram caçar os criminosos e esqueceram de fazer uma boa história

01.02.2013, às 01H18.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H47

As porradas de Sean Penn, todas elas exibidas em câmera lenta, mostram os músculos do ator explodindo a cada contato com o saco de areia. Em off, a narração de Josh Brolin apresenta o mafioso Mickey Cohen, ex-boxeador, que agora atua em Los Angeles e vai empregar tudo o que for possível para transformar a capital do cinema em seu território, controlando a região a rédeas curtas e toda a violência necessária, como mostra a cena que vem logo depois, aos pés do famoso letreiro de Hollywood, que ainda grafava "Hollywoodland".

Caça aos Gângsteres

Caça aos Gângsteres

Caça aos Gângsteres

No fim dos anos 40, Cohen comandava a cidade e seus arredores, toda a distribuição de drogas, os cassinos, as apostas, os políticos e a polícia. Os estouros de raiva e demonstração de poder são dignos de uma pessoa que não sabe conviver com o "não". Sua ambição só não era maior que sua vaidade, o que o levou a romper com Chicago, o maior crime organizado do país naquela época. Este é o cenário em que se passa Caça aos Gângsteres (Gangster Squad, 2013), novo longa-metragem dirigido por Ruben Fleischer (Zumbilândia).

Embora Cohen seja uma figura real, que trabalhou com o irmão de Al Capone em Chicago, e fez um "estágio" por Las Vegas (assista a Bugsy) antes de fincar raízes em Los Angeles, o filme apenas se inspira em sua história e as lendas que o circulam - como, por exemplo, a de que ele nunca repetia um terno mais do que uma vez. A tal unidade secreta de Caça aos Gângsteres idealizada pelo chefe Bill Parker (Nick Nolte) e liderada pelo Sargento John O'Mara (Josh Brolin), se existiu, realmente era o segredo mais bem guardado da cidade que mais vive das fofocas e celebridades. Segundo dados oficiais, Cohen passou várias temporadas na cadeia, mas seu principal problema não foi com os policiais e assassinatos, mas sim com o Imposto de Renda.

Pano de fundo

O longa conta com um ótimo trabalho de ambientação, recriando a Los Angeles do pós-guerra e seus clubs cheios de fumaça e música. Trabalha a favor também a estética da câmera lenta, que Fleischer já havia utilizado em sua estreia. E ficamos nisso. O roteiro de Willl Beall (que está responsável pela primeira versão do filme da Liga da Justiça) é pobre. Cheio de clichês e frases de efeito - ele chega a parodiar Scarface, fazendo Sean Penn gritar a plenos pulmões "Say hello to Santa Claus" (diga olá ao Papai Noel) enquanto sua metralhadora distribui mais balas do que festas de São Cosme e Damião. Isso sem falar na batidíssima cena do grupo andando em direção à câmera enquanto algo explode no fundo.

A sorte de Fleischer é que o elenco parecia acreditar no projeto e tem alguns bons momentos, mas as motivações de seus personagens são praticamente inexistentes, de tão rasas. O'Mara fala para seu ex-companheiro de 2ª Guerra Mundial que alguns heróis ainda sentem que o bem não havia vencido. O também sargento Sgt. Jerry Wooters (Ryan Gosling) dá de ombros, mas decide se juntar ao grupo quando a tragédia pessoal transforma aquela guerra em uma forma de buscar vingança. Conway Keeler (Giovanni Ribisi) só quer dar bom exemplo ao seu filho. E por aí vai...

Para encerrar as reclamações, é preciso lembrar também da trilha sonora de Steve Jablonsky, que em vários momentos parece ser apenas uma reciclagem barata do material não utilizado por Hans Zimmer nos Batmen de Christopher Nolan. Para um filme que se arrisca tão pouco, Caça aos Gângsteres erra mais do que deveria.

Nota do Crítico
Regular