Existem na natureza várias espécies de cinéfilos. Há os exigentes, os inconformados, os benevolentes, os pornófilos e toda uma variedade de exóticos comportamentos. Entretanto, existe uma espécie em extinção: os amantes do faroeste. Eles estão ameaçados de desaparecer porque não se faz mais westerns. É para esse público que BATER OU CORRER (Shangai Noon) vai tocar fundo no coração.

Eficiente diversão, a nova fita do veterano Jackie Chan tem boas cenas de comédia e ótimas lutas, além de dar espaço para o novato Owen Wilson (de Armaggedon e A casa amaldiçoada) brilhar como caubói atrapalhado. Mas é só... Além de uma menção honrosa a Lucy Liu, a chinesa gostosona de O Troco que volta às telas em dezembro na aguardada versão cinematográfica do seriado seventy As Panteras (Charlie's Angels).

Bater ou Correr conta a história de um guarda imperial chinês (Chan) que vem para a América resgatar a princesa seqüestrada da Cidade Proibida. Apesar de ter um argumento interessante, o filme esbarra na tendência constante de Jackie Chan em apelar para a comédia pastelão e deixar a aventura de lado.

Apesar de redimir o faroeste do vergonhoso As loucas Aventuras de James West, o longa deixa apenas um gostinho na boca dos fãs. Vale lembra que durante décadas, os westerns foram a mais importante ambientação das produções hollywoodianas e rendeu ao mundo obras hoje clássicas como Rastros de ódio e Paixão dos fortes, de John Ford, El Dorado, de Howard Hawks, Os brutos também amam, de George Stevens e o genial Matar ou morrer, de Fred Zinnermman, ao qual o filme de Chan faz alusão direta.

Resta àqueles que, como eu, sonham ver mocinhos e bandidos em duelos no oeste selvagem esperar por Texas Rangers, um western juvenil com James Van Der Beek (o protagonista da série Dawsons Creek) e Dylan McDermott (de Na linha de fogo), ou por alguma outra doce homenagem ao gênero onde UM HOMEM TEM QUE FAZER O QUE UM HOMEM TEM QUE FAZER (fala de Gary Cooper in High noon)