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Crítica

Backstage | Crítica

Backstage - Festival do Rio 2006

M"
04.10.2006, às 00H00.
Atualizada em 03.11.2016, ÀS 13H02

Backstage
EUA, 2005
Drama - 115 min.

Direção: Emmanuelle Bercot
Roteiro: Emmanuelle Bercot

Elenco: Emmanuelle Seigner, Isild Le Besco, Noémie Lvovsky, Valéry Zeitoun, Samuel Benchetrit, Édith Le Merdy, Jean-Paul Walle Wa Wana, Mar Sodupe

A relação entre celebridades e fãs já renderam ótimas histórias. Muitas, inclusive, com um final trágico. Mas até que ponto endeusar alguém nos faz perder a nossa própria identidade? A diretora Emmanuelle Bercot procura dar alguma luz ao tema. Em seu primeiro filme, Clement (2001), ela apresentava um relação amorosa entre uma mulher mais velha com uma jovem. Backstage (2006) também tem como protagonistas duas mulheres com diferença na idade, mas aqui elas são muito parecidas em seu caos emocional, algo que Bercot investiga pela ótica da psicologia.

Lucie é uma moradora do subúrbio apaixonada pela diva da música pop Lauren Waks e seu quarto parece um santuário de adoração fanática. Sem que ela saiba, sua mãe a inscreve em um concurso de programa de TV, em que o ganhador receberá a visita de Lauren em sua casa para a gravação de um videoclipe. Lucie vence e, ao chegar em casa, é surpreendida por Lauren. Câmeras escondidas começam a filmar o clipe. Mas Lucie fica sem ação e acaba se trancando em seu quarto. Depois, arrependida, ela resolve ir para Paris para reencontrar Lauren. Ao chegar lá, consegue se infiltrar na suíde da diva. A partir daí, ela acaba tornando-se uma espécie de amiga/filha/objeto de desejo de Lauren.

O filme de Bercot explora a relação de necessidade de celebridade e os fãs. Um precisa do outro para sobreviver, como se fosse uma simbiose de egos apoiados em uma complexa afinidade doentia. Notamos em Lucie uma atração adolescente com toques de desejo sexual. Sua obsessão chega ao ponto dela se anular totalmente e tentar ser uma cópia da outra. Isso a leva a tentar realizar os sonhos que Lauren deixou para trás por causa de sua carreira de sucesso. Suas atitudes são as mais estapafúrdias possíveis. Lauren não fica muito atrás. Ela é uma maníaca depressiva. Sua auto-estima esta em baixa desde que seu ex-namorado a deixou. E por causa disso se tornou uma pessoa insuportavelmente difícil de se conviver. Cobranças e necessidades são o combustível vital que move as duas. Conforme o tempo vai passando, Lucie percebe que Lauren não é o ser humano que ela imaginava. Mas isso não diminui em nada a sua adoração.

A maneira realista de registrar as cenas torna convincente, uma situação no mínimo absurda. Nunca uma fã completamente desequilibrada chegaria perto de seu objeto de adoração. Mas Bercot cria situações que sustentam a premissa. Aliado a isso, o melodrama nunca descamba para as situações clichês.

As atrizes são o grande trunfo da trama escrita pela cineasta. A química entre as duas funciona. Isild Le Besco interpreta de forma brilhante uma Lucie catatônica e esquizofrênica. Emmanuelle Seigner nos remete a uma Debbie Harry neurastênica. Sua performance é bastante interessante. Nunca conseguimos perceber qual será a sua reação conforme a trama vai se desenvolvendo. Ela ainda contribui de forma convincente com sua voz para as músicas compostas por Laurent Marimbert para trilha sonora. As letras das canções ilustram perfeitamente os sentimentos das personagens e, com certeza, é o único elemento de sanidade dentro desse doentio carrossel de emoções.

Nota do Crítico

Ótimo
Mario "Fanaticc" Abbade

Backstage

Backstage

2005
115 min
Drama
País: EUA
Classificação: LIVRE