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Até que a Sorte nos Separe 2 | Crítica

Continuação da comédia com Leandro Hassum estreia em 734 salas para bater recorde de público de De Pernas pro Ar 2

26.12.2013, às 19H29.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 15H11

O que define a qualidade da piada é o riso. Gosto e bagagem cultural são as variáveis dessa regra. O engraçado para alguns é a tortura de outros e essa é a única explicação para a existência de Até que a Sorte nos Separe 2.

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Mesmo sofrendo nas mãos dos críticos, o filme original, estrelado por Leandro Hassum em 2012, atraiu mais de 3 milhões de pessoas aos cinemas, conquistando a sexta posição no ranking dos maiores filmes nacionais. Logo, aos olhos do público, o longa de Roberto Santucci (também responsável pela franquia De Pernas pro Ar) é uma das melhores comédias brasileiras, entre tantas que dominam o mercado local.

Conhecido por humorísticos da Rede Globo, Hassum encarna mais uma vez o bobo alegre Tino, um Homer Simpson tupiniquim que conta com a sorte para superar decisões estúpidas - como as que o levaram a perder todo o dinheiro ganho na loteria no primeiro filme. A sequência encontra Tino e Cia. mais uma vez na pobreza, com o patriarca sentado em uma poltrona, esperando que as contas se paguem sozinhas. Em outra manobra do destino, a família recebe R$ 50 milhões de herança e parte para Las Vegas para atender o último pedido do tio Olavinho: ter suas cinzas despejadas no Grand Canyon.

Daí seguem “muitas confusões”, com Tino espalhando sua imbecilidade por mesas de pôquer frequentadas por sósias de personalidades como Oprah e Johnny Depp. As piadas que saem da boca de Hassum são sempre superficiais, baseadas apenas em estereótipos e preconceitos - ou ele faz referência a sua forma arredondada ou pede um pastel para a recepcionista asiática (que ele logo presume ser japonesa), por exemplo. Para humanizar o personagem, o roteiro de Paulo Cursino e Chico Soares preenche as lacunas com momentos emocionais, prontamente acompanhados por uma trilha sentimental, onde o egoísta Tino demonstra seu constante arrependimento à mulher e aos filhos.

Camila Morgado, que entrou no elenco para substituir Danielle Winits (não liberada para as filmagens pela Globo) é quem cria um contraste interessante com a figura estridente de Hassum. A atriz, conhecida por papéis mais sérios, consegue encarnar bem a perua Jane e até faz graça com a sua célebre interpretação de Olga Benário. A tentativa de fazer piada com a troca da atriz principal, porém, se perde em um prólogo didático, que revela a imagem de Morgado minutos antes de brincar com a ideia de que a personagem sofreu tanto de um filme para o outro que “virou uma nova mulher”.

Seguindo uma tradição das comédias brasileiras, Até que a Sorte nos Separe 2 conta também com diversas participações especiais. Porém, ainda que tenha Anderson Silva no seu time de celebridades, o destaque está no respeito dado a veteranos como Jerry Lewis e Berta Loran (a Manoela D'Além-Mar de Escolinha do Professor Raimundo). Os dois comediantes, ambos com 87 anos, dominam a cena nas suas breves aparições e mostram a dignidade cômica que falta a Hassum.O humor não precisa ser simplório para ser acessível.

 

 

Nota do Crítico
Regular