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Crítica

Assassino a Preço Fixo | Crítica

"A vitória ama a cautela" também no roteiro

17.03.2011, às 18H09.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H17

Assassino a Preço Fixo (The Mechanic, 2011), a refilmagem estrelada por Jason Statham (Os Mercenários) do filme homônimo de 1972 com Charles Bronson, seria interessante, não fosse a irritante mania de certos roteiristas de tomar atalhos, subestimando a inteligência alheia. Na metade da história, quando tudo se encaminha para um desfecho honesto, Arthur (Statham), o matador do título, está voltando para casa depois de um serviço, quando vê, no aeroporto de Chicago, um de seus colegas de profissão - alguém que deveria estar morto.

Quando o confronta, Arthur descobre a verdade sobre um contrato passado que realizou, uma que o coloca no caminho da vingança, invertendo a lógica do filme. O problema é que o texto deixa claro logo no início que tais sujeitos são dois dos melhores assassinos do ramo. E quando um assassino profissional, que age com precisão cirúrgica, diz “me mandaram desaparecer” e passeia, semanas depois do ocorrido, por um aeroporto central nos EUA como se nada tivesse acontecido, você começa a desconfiar da qualidade do filme. Mais ainda, da necessidade do roteiro (adaptado por Richard Wenk do original de Lewis John Carlino) em aplicar uma coincidência extremamente conveniente (não basta o passeio... o outro assassino tem que estar ali para vê-lo) para escapar do nó em que se meteu. Afinal, sem essa péssima cena, a trama não teria como avançar.

Como Assassino a Preço Fixo não é desses filmes de ação pela ação - portanto, algo assim faz (e muita) diferença. Até ali o desenvolvimento vinha bem, com um tempo interessante para o gênero. Econômico, o regular Simon West (Tomb Raider, Quando um Estranho Chama) segura durante uma hora inteira os tiroteiros e explosões. Dessa forma, quando eles começam, não parecem gratuitos ou forçados, mas devidamente preparados, algo coerente com a personalidade do protagonista. Arthur, afinal, é conhecido pela finesse... “os melhores trabalhos são os que ninguém sabe que estive lá”, afirma (a sequência de abertura em Barranquilla, o apreço a belos objetos e música clássica também são determinantes nessa definição).

assassino a preço fixo

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Statham faz Arthur como o mesmo personagem de sempre, o sujeito sério que explode em velocidade e técnica letal quando é requisitado. Seu contraponto é o excelente Ben Foster, ator de qualidade, que interpreta Steve, o filho do mentor assassinado de Arthur (Donald Sutherland). A relação entre os dois é convincente. O assassino aceita treinar o jovem sem rumo - que se ressente da relação do outro com seu pai - em respeito à figura paterna que perdeu. Já os demais personagens são limitados a estereótipos: o chefão da empresa que realiza os serviços de assassinato é como todos os outros que já passaram pelas telas e existe uma prostituta que o filme, inteligentemente, deixa em terceiro plano - para esquecer mais adiante sem culpa.

West filma bem e suas escolhas visuais são interessantes. A granulação da imagem dá um toque de sobriedade, uma certa aura setentista de perigo iminente ao filme. As cenas de ação, por sua vez, têm aquela crueza a la Jason Bourne que virou regra. Assassino a Preço Fixo seria mais um filme de ação bacana, do qual você não se lembraria daqui a seis meses, não fosse a citada irritante conveniência do aeroporto, uma que implode qualquer história da mesma maneira que Statham oblitera quarteirões inteiros quando solicitado. Faltou aos realizadores o mesmo "Amat Victoria Curam" (a vitória ama a cautela) que o texto martela o tempo todo na tela.

Nota do Crítico
Regular