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Antes da Meia-Noite | Crítica

Jesse e Celine voltam a andar e conversar para encerrar a mais romântica trilogia do cinema

13.06.2013, às 17H47.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H25

Logo na primeira cena, a câmera acompanha o caminhar de duas pessoas enquanto um diálogo vai se desenvolvendo. Estamos em um aeroporto na Grécia e, com um certo grau deu sorte, isso é tudo o que você sabe a respeito de Antes da Meia-Noite (Before Midnight), terceira parte da mais romântica trilogia da história do cinema, estrelada desde 1995 por Ethan Hawke e Julie Delpy e dirigida por Richard Linklater.

Antes da Meia-Noite

Antes da Meia-Noite

Antes da Meia-Noite

Quem acompanha a série lembra que tudo começou pelas ruas de Viena, onde os dois decidiram se conhecer um pouco melhor depois de um rápido flerte a bordo de um trem. Ao final de Antes do Amanhecer, eles fazem juras de amor e decidem se encontrar novamente. O espectador fica só imaginando se este reencontro apaixonado vai ou não acontecer.

No segundo filme, Antes do Pôr-do-Sol, os dois caminham por Paris 9 anos depois do primeiro encontro e colocam suas vidas em perspectiva, contam o que fizeram de suas vidas. Jesse (Ethan Hawke) está na França para lançar um romance justamente sobre a noite que passou ao lado de Celine (Julie Delpy) na capital austríaca. O reencontro mostra o caminho dos dois e como a paixão entre eles sobreviveu tão congelada quanto intensa neste período.

O filme parisiense termina com a mesma pergunta que começa: os dois ficaram juntos ou não? Os românticos vão dizer que sim, enquanto os pragmáticos imaginarão uma vida mais realista em que cada um tomou seu rumo.

E agora, passados mais 9 anos, o público vê Jesse e Celine juntos mais uma vez. Antes da Meia-Noite vai responder logo no início a pergunta anterior. E vai além. Neste terceiro longa juntos, mantém-se os diálogos afiados e de longa duração, que vão do escárnio de um sobre o outro com a mesma intensidade que toca em questões que muitas pessoas podem passar a vida inteira sem conseguir responder.

O amor, a paixão, o sexo e todas as vertentes de um relacionamento estão abordados no roteiro, que teve novamente participação dos dois atores. E isso fica visível na própria atuação. A química entre os dois atores dá ao filme um grau de realismo que chega a incomodar e causar risos nervosos na plateia, que consegue facilmente se identificar com as situações que os dois encontram na Grécia. Aliás, a escolha do país, com suas ruínas, seu passado cheio de filosofia e, claro, tragédia não poderia ser mais acertada para encerrar (será?) a história destes dois.

Mas os fãs apaixonados que saíram do cinema com os olhos marejados nos filmes anteriores podem deixar o lenço de papel em casa desta vez. E talvez seja esta a maior mudança - e evolução - da trama e também o seu grande questionamento hoje, 18 anos depois daquele encontro no trem. Com o passar dos anos a vida vai tratando de minar o romance. Cabe assim ao cupido a tarefa dupla de desviar dos tiros de metralhadora disparados pelo dia-a-dia e ainda conseguir acertar novamente seu alvo. Se vai conseguir ou não, você só vai saber no cinema.

Nota do Crítico
Ótimo