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Amazônia | Crítica

Misto de documentário e ficção não vai além do registro usual da fauna amazônica

17.10.2014, às 14H00.
Atualizada em 23.11.2016, ÀS 17H07

Trazer, com a tecnologia da projeção em 3D, a fauna da Floresta Amazônica para perto do espectador é a intenção do filme francobrasileiro Amazônia, de Thierry Ragobert. Foi um projeto de três anos, com consultoria do importante fotógrafo de natureza Araquém Alcântara, e há de se louvar o esforço de aproximar dos centros urbanos esse cenário que, embora mova debates acalorados, a maioria dos brasileiros desconhece.

amazonia

Enquanto filme, porém, Amazônia nunca deixa de ser um registro insatisfatório. A começar pelo 3D, que não tem a profundidade bem calibrada dos melhores longas americanos com essa tecnologia e que, mesmo numa sala IMAX (onde aconteceu a sessão para a imprensa em São Paulo), não envolve por completo o espectador com as imagens rotineiramente impressionantes da floresta.

A opção por misturar o documental com uma trama ficcional - de um macaco prego criado em cativeiro que cai na floresta durante um voo numa tempestade e precisa aprender a sobreviver sozinho - é compreensível, em seu esforço de dialogar com o público médio dos multiplexes. A porção documental não é especialmente brilhante, porém: especiais do Discovery Channel ou mesmo o material estrangeiro que a Globo compra para exibir no Fantástico dão conta da fauna amazônica de um jeito melhor, particularmente a submarina.

É o lado ficcional de Amazônia, mais especificamente sua narrativa, que fica mais a dever. Narrado por Lúcio Mauro Filho, que faz a voz do macaco, o longa parece voltado, com seu didatismo, a crianças bem pequenas. Não há um senso de expectativa mais apurado; numa cena, por exemplo, quando o macaco afunda depois de uma queda-d'água, a narração já entrega que ele está vivo antes de emergir.

Embora o protagonista tenha sua parcela de carisma, entre uma careta e outra, a trama recorre ao antropomorfismo mais batido no estilo Disney - com o protagonista peixe-fora-da-água, o macaco rabugento inimigo, a donzela - como se isso bastasse para criar empatia com o público. Comparações com Rio são tão óbvias que o filme até se antecipa a elas e cita a arara azul de Carlos Saldanha a certa altura. Nesse ponto, carnavalizações à parte, a animação parece ser muito mais competente para criar na tela um Brasil de encanto.

Amazônia | Cinemas e horários

Nota do Crítico
Regular