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Crítica

Além da Morte | Crítica

Remake de Linha Mortal é oportunidade perdida

19.10.2017, às 18H37.
Atualizada em 19.10.2017, ÀS 19H09

Um dos maiores pecados cinematográficos é o desperdício, quando um filme dá pistas do quanto poderia ser bom, mas opta pelo exato oposto. Nesse sentido, Além da Morte é pecaminoso. Remake de Linha Mortal, filme de 1990 comandado por Joel Schumacher e estrelado por Kiefer Sutherland, Julia Roberts, Kevin Bacon, William Baldwin e Oliver Platt, a nova versão usa a trama dos jovens médicos e seus experimentos com a morte para enfileirar clichês de terror enquanto evita criar qualquer atmosfera capaz de envolver o espectador.

Como no roteiro original de Peter Filardi, a ideia é que ao forçar a própria morte e voltar, os estudantes despertam a culpa de erros do passado, memórias que se transformam em assombrações. Dessa premissa, um diretor inspirado poderia criar um terror psicológico que levasse para a tela todas as sensações envolvidas no processo, da euforia do primeiro contato com o pós morte a angústia de confrontar os próprios erros. Porém, o dinamarquês Niels Arden Oplev (Os Homens que Não Amavam as Mulheres) trata o filme como um sobrenatural de quinta categoria.

A composição de cena e os enquadramentos são desinteressantes, assim como seus personagens. Mesmo com um bom elenco (com destaque para Ellen Page, Diego Luna e James Norton e uma participação bizarra de Sutherland, que não reprisa o personagem de 1990), a nova versão criada por Ben Ripley se esquiva de aprofundar qualquer personalidade ou situação, mesmo lidando com uma temática de extremos como vida e morte. Cada ida para o além dos personagens é uma promessa não concretizada de que a trama finalmente vai engatar, de que o remake finalmente vai mostrar a que veio. No acúmulo de falhas, o que era promissor se torna cômico.

Do seu enredo e elenco, Além da Morte podia tirar um filme na linha de Repulsa ao Sexo (1965) ou Cisne Negro (2010), nem que copiasse descaradamente as soluções de Roman Polanski e Darren Aronofsky. Era melhor do que se limitar a ser mais um “remake desnecessário”. Uma história que voltou à vida para ser esquecida.

Nota do Crítico
Ruim