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A Última Noite | Crítica

A Última Noite

01.11.2006, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H20

A Última Noite
A Prairie Home Companion
EUA, 2005, 105 min
Comédia/Musical

Direção: Robert Altman
Roteiro: Garrison Keillor e Ken LaZebnik

Elenco: Meryl Streep, Lily Tomlin, Garrison Keillor, Woody Harrelson, John C. Reilly, Lindsay Lohan, Kevin Kline, Maya Rudolph, Tommy Lee Jones, Virginia Madsen

Garrison Keillor é um nome totalmente desconhecido por aqui, mas nos Estados Unidos é uma verdadeira lenda. É dele o programa de rádio mais antigo do país, no ar há 31 anos!

O criador e apresentador da atração aliou-se ao diretor Robert Altman (Assassinato em Gosford Park, Dr. T e as mulheres) para imaginar como seria a última apresentação ao vivo de A Prairie Home Companion (título original do filme e do show) - ou seja, a última noite da atração (daí o título nacional, que não tem nada a ver com A última noite, drama dirigido por Spike Lee).

A parceria é perfeita. O apreço de Altman por um universo repleto de personagens - e sua habilidade em registrá-los de forma a gerar interesse por todos - é ideal para o programa, com uma verdadeira constelação de astros e atrações (comparável ao célebre Short Cuts - Cenas da vida, 1993), a começar pelo apresentador Keillor, co-roteirista da comédia. O senso de humor de ambos, de sutilezas e inteligência, também se casa com perfeição, auxiliado pela excelente escalação do elenco, focada em atores e atrizes capazes de improvisar e cantar.

O longa foi rodado no teatro Fitzgerald, na cidade de St. Paulo, Minnesota (estado-natal de Keillor), e mantém assim a atmosfera radiofônica da atração adaptada. Bastidores e palco alternam-se na telona, tendo como atrações principais Yolanda e Rhonda Johnson (Meryl Streep e Lily Tomlin), dueto remanescente de um quarteto de irmãs cantoras, e a dupla Dusty e Lefty (Woody Harrelson e John C. Reilly), divertidos vaqueiros cantores. Além deles, há espaço para Lola (Lindsay Lohan) - a filha de Yolanda -, Guy Noir (Kevin Kline) - o cinematográfico segurança do programa, um personagem recorrente do programa de rádio -, o diretor (Tim Russell), sua assistente (Maya Rudolph), o apresentador (o próprio Keillor) e a mulher de sobretudo branco (Virginia Madsen), cuja presença ali é um mistério. Completa o elenco principal o executivo que chega para acompanhar a última apresentação do programa (Tommy Lee Jones).

Mas a trama é mera desculpa para um desfile dos talentos citados, que cantam um pout-porri da Country Music e falam, falam e falam, muitas vezes de improviso. As piadas, especialmente as de Harrelson & Reilly são divertidíssimas, bem como os sensacionais e inocentes jingles de biscoitos e fita adesiva - criados por Keillor -, que pontuam a última noite do Prairie Home Companion. Tudo capturado pela inquieta câmera, que não parece querer disfarçar que está ali, de Edward Lachman, e montado fantasticamente (parece até que o filme acontece em tempo real) por Jacob Craycroft.

Uma simpaticíssima homenagem à mídia como não se via desde A era do Rádio, de Woody Allen.

Nota do Crítico
Bom