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Crítica

A Última Ceia | Crítica

Halle Berry, por si só, fortalece, e muito, a mensagem da película.

MH
01.04.2002, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H12

Quando Halle Berry ganhou o Oscar 2002 de Melhor Atriz por A Última Ceia (Monsters Ball, de Marc Forster, 2001), justiça imediata e histórica foram feitas. Histórica porque, em 73 anos da premiação, nenhuma mulher negra havia levado o troféu de melhor atriz. E imediata, por uma razão pragmática: o seu desempenho no filme surpreende pelo domínio cênico e pelo vigor.

Em seu discurso de agradecimento, a atriz lembrou estrelas do passado, como Dorothy Dandridge (1923-1965), e criticou a barreira racista que moldava o prêmio. Disse, inclusive, que o muro começa a ser derrubado. Detalhe: em A Última Ceia, a temática concentra-se exatamente no racismo, no seu combate, abordado com realismo, certa crueldade, mas sempre com sinceridade.

Berry faz o papel de uma mãe, de nome Leticia, já viúva, que também perde o filho, Tyrell (Coronji Calhoun), atropelado. No Sul dos Estados Unidos, Estado da Geórgia, o preconceito incrustado na população agrava ainda mais a tragédia da moça. Por outro lado, a vida de Hank (Billy Bob Thornton) igualmente desmorona, mas por motivos distintos. Encarregado do corredor-da-morte, das execuções na penitenciária do Estado, ele sustenta uma família de homens. Seu pai, o ex-policial Buck (Peter Boyle), a personificação do racismo, beira a invalidez. Entretanto, Sonny (Heath Ledger), o seu filho, também policial, destoa da ordem. Faz amizades entre negros e discorda das execuções por cadeira-elétrica que ambos administram.

Depois de mais uma condenação de praxe, Sonny briga com o pai. Primeiro, a discussão e, em seguida, o suicídio do rapaz - um tiro no peito. Hank decide pedir demissão. Ao mesmo tempo, começa a simpatizar com os ex-amigos de Sonny. E daí, ao prestar socorro a Leticia na noite da morte de Tyrrell, estabelece-se uma relação. Abalados, amparam um ao outro. Quando o amor aparece, as diferenças raciais ficam relegadas a segundo plano. Os próximos passos, nem sempre suaves, enchem-se de ensinamentos e sentimentos puros.

Na essência, A última ceia, expressão que remete à refeição derradeira dos condenados à morte, diz respeito ao nascimento. Dos escombros, Leticia e Hank tiram a ressurreição. Na dificuldade, enxergam lições verdadeiras.

Manchas de sangue

Não seria possível tratar um tema tão espinhoso e de forma tão densa, sem uma direção e um elenco notável. Vindo do circuito alternativo, o criativo Marc Forster, nascido na Suíça, comanda a sua primeira grande produção sem perder o arrojo e a segurança. Impressiona através de metáforas inteligentes, como as manchas de sangue de Sonny e Tyrrell que Hank remove dos móveis e das roupas. O mérito maior, porém, fica com os protagonistas. Enquanto Thornton desenvolve com primor a sobranceria habitual, o promissor Ledger exerce com tranqüilidade um papel dificílimo. Até mesmo Sean Combs, mais conhecido como o rapper Puff Daddy, mostra-se competente no relevante papel de um condenado.

A atuação de Hale Berry, porém, sobressai às demais. Antes de A última ceia, a atriz limitava-se a papéis secundários em películas de ação como X-Men: o filme (X-Men, de Bryan Singer, 2000) e A Senha: Swordfish (Swordfish, de Dominic Sena, 2001). A sua interpretação mais elogiada foi justamente o papel de Dorothy Dandridge, numa cinebiografia para a televisão norte-americana, em 1999. Na produção de Forster, Berry possui todo o ambiente para brilhar: uma personagem forte, cenas difíceis e um roteiro de poucos diálogos, que privilegia os climas e as expressões faciais. Quer seja numa cena de sexo, ao imitar uma bêbada ou ao cair em prantos, a atriz foge de estereótipos e enriquece a história. Por si só, fortalece, e muito, a mensagem da película.

Nota do Crítico

Ótimo
Marcelo Hessel

A Última Ceia

Monster´s Ball

2001
111 min
Drama
País: EUA
Classificação: 16 anos
Direção: Marc Forster
Elenco: Halle Berry, Billy Bob Thornton, Heath Ledger, Sean Combs, Coronji Calhoun, Peter Boyle, Taylor Simpson, Gabrielle Witcher, Amber Rules, Mos Def, Taylor LaGrange, Charles Cowan Jr., Anthony Bean, Francine Segal, John McConnell, Marcus Lyle Brown, Milo Addica