|
A Oitava Cor do Arco-Iris, do diretor Amauri Tangará, tem grande importância para o cinema de Mato Grosso. Trata-se do primeiro longa-metragem do Estado do Centro-oeste brasileiro.
Seus produtores são perseverantes. Começaram a rodá-lo em 2002, com 150 mil reais. A verba não foi suficiente e as filmagens foram paralisadas. Só em 2003, com o apoio da lei de incentivo à cultura, os trabalhos puderam ser concluídos. A finalização, sob as asas do Ministério da Cultura, só aconteceu em janeiro de 2004.
A história se passa na pequena Vila de Nossa Senhora da Guia, perto de Cuiabá. Lá vive Joãozinho, menino criado pela avó depois que seu pai desapareceu num garimpo e sua mãe foi parar num bordel. Adoentada e sem poder andar, a velha sustenta o neto com a mísera aposentadoria que recebe e o leite de uma cabrita de estimação, Mocinha.
Condoído com as orações de sua avó, que pede a Deus que a leve pois não suporta mais as dores que sente, Joãozinho decide vender a cabrita e empregar o dinheiro para comprar os remédios que sua avó necessita. Assim, ele parte para a capital do Estado, onde tomará contato com a realidade da cidade grande enquanto tenta negociar seu animal.
A história tem bom coração e seus criadores aproveitam o tema para explorar a arquitetura de Cuiabá, seus pontos turísticos e mostrar como o povo pode ser acolhedor. No entanto, a ingenuidade de menino não é páreo para o lado amargo da metrópole, que prova ser um desafio muito maior do que ele poderia enfrentar sozinho.
Cabra da peste
Ao decidir apresentar seu filme em festivais pelo Brasil, Tangará entra na pele do próprio Joãozinho. Deixa seu reduto - onde teve direito a première com a participação do Ministro Gilberto Gil - para encarar os impiedosos mercados das maiores cidades do país, onde a crítica não perdoa. Acontece que seu filme não é melhor que o feio e magrelo caprino da ficção.
Ao longo de sofridos 80 minutos, o torturante longa coleciona atuações descaradamente amadoras (quatro cozinheiros do Omelete viram o filme e concordam: Pretinha, a cabrita, tem o melhor desempenho do filme), planos sem qualquer criatividade e um roteiro primário, cheio de seqüências muitas vezes desconexas e sem propósito. A dispensável participação de um pintor local, por exemplo, serve apenas como desculpa esfarrapadíssima para o título do filme.
O resultado é uma das piores películas dos últimos anos no país que, pra completar, traz uma trilha sonora irritante e equivocada, com uma mistura de rock com temas infantis que deve tirar muita gente da sala de projeção. Fuja!