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2 mais 2 | Crítica

No embalo da neochanchada, comédia comercial argentina chega ao Brasil

17.10.2014, às 16H57.

A classe média sofre, seja no Brasil ou na Argentina. Da estabilidade vem o tédio e é daí que partem os roteiristas Daniel Cúparo e Juan Vera para contar a história de dois casais que se aventuram no mundo dos swingers para fugir do enfado de suas vidas.

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O fator social é importante no caso da comédia Dois Mais Dois, pois em nenhum outro "mundo" a questão da troca de casais seria tão racionalizada. Não se trata apenas de desejo, mas de uma nova tendência "adotada por pessoas bonitas e cools", explica Betina (Carla Peterson), a mulher que abre o jogo para os pacatos Diego (Adrián Suar) e Emilia (Julieta Díaz). Ele representa a resistência monogâmica. Ela, apesar do choque inicial, logo compra a ideia de dividir a cama com a amiga e o marido (Juan Minujín). Seu tédio de profissional bem-sucedida/mãe exemplar/esposa modelo é muito maior.

Apesar do tema naturalmente cômico, o filme não consegue sair do óbvio - sendo a atuação de Suar a única responsável pelos poucos momentos engraçados. A trama nada tem de interessante ou libidinosa, sendo apenas uma reunião de burgueses de meia-idade "tentando aproveitar a vida" que, como crianças, acabam por descobrir que tudo, até o swing, tem limite.

A direção pobre de Diego Kaplan, a tendência moralizante do roteiro e a trilha sonora à la soft porn fazem com que Dois Mais Dois não passe de um lançamento comercial barato. Sua qualidade de exportação foi garantida pelos milhões de argentinos que foram aos cinemas para ver a comédia, mas sua presença no Brasil é desnecessária. É melhor ver De Pernas pro Ar.

Nota do Crítico
Regular