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Crítica

Crítica: 16 Quadras

16 Quadras

20.04.2006, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H19

A situação é mais ou menos a seguinte: você está dirigindo e tem apenas mais um lugar vago no seu carro. No ponto de ônibus estão uma velhinha que precisa ir urgentemente para o hospital, o seu melhor amigo e a mulher dos seus sonhos. O que você faz? Usando esta charada Eddie Bunker (Mos Def) procura entender como são as pessoas com quem está se relacionando. De acordo com a resposta, ele consegue dizer que tipo de pessoa ela é. Quando o vemos pela primeira vez ele está prestes a ser transferido da cadeia para o tribunal, onde testemunhará. O encarregado de levá-lo pelos 16 quarteirões que separam os dois prédios é o policial Jack Mosley (Bruce Willis). O trabalho simples, que normalmente levaria 15 minutos, começa a complicar quando Mosley decide fazer uma parada para comprar seu café-da-manhã: uma garrafa de bebida. Ao sair da loja, ele vê um cara encapuzado apontando uma arma para Bunker. Os motivos não demoram muito para serem expostos e o que sobra é correria e troca de tiros para todos os lados.

16 Quadras

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16 Quadras

Tudo isso seria até normal se 16 quadras (16 Blocks, 2006) fosse um filme-pipoca, destes que estouram semanalmente durante o verão norte-americano. Mas, segundo os produtores, não é. Apesar de contar com um diretor experiente, Richard Donner (Superman, Máquina Mortífera), e um protagonista, Bruce Willis (Duro de Matar, Refém), que em cena já enfrentou até o fim do mundo, o filme foi vendido como independente.

Pode ter sido feito com menos dinheiro que o habitual, mas nada ali se assemelha ao que se vê, por exemplo, nas produções que são exibidas no Festival de Sundance, o maior dedicado ao cinema independente dos Estados Unidos. Isso não é uma crítica, apenas uma constatação e olhando para o currículo dos dois acima citados, seria realmente difícil ser diferente.

Então, o que diferencia este projeto das outras fitas de ação? Além das boas atuações de Bruce Willis, Mos Def e David Morse, e a direção segura de Donner, nada. Não que isso seja pouca coisa, mas prova que o filme está longe de conseguir quebrar os paradigmas a que se comprometeu ao se enveredar na onda das produções em "tempo real". A forma como o filme foi montado não consegue transpor para a telona o "trauma do relógio", como na série 24 horas. Há muitos cortes, o que acaba diminuindo a dramaticidade que poderia pairar sobre um personagem. E a correria que se vê em cena é muito mais pela sobrevivência do que contra o relógio, embora Eddie Bunker tente provar o contrário.

Assim como prega o filme, é necessário ter esperança. Esperança de que as pessoas podem mudar. Esperança de que um dia os filmes de ação consigam mudar, fugindo das fórmulas, em busca de novas formas de divertir o público. Por enquanto a atual está funcionando, mas já está quase no seu limite.

 

Nota do Crítico
Bom