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Creed - Nascido para Lutar poderia ter outro final, contam Stallone e a equipe do filme

Astro participa de coletiva na Filadélfia e relembra o início da franquia Rocky

15.01.2016, às 15H25.

A coletiva de Creed - Nascido para Lutar para a imprensa internacional, realizada na Filadélfia, na própria academia onde cenas do filme foram rodadas, serviu não apenas para os novatos Michael B. Jordan e Ryan Coogler contarem como convenceram Sylvester Stallone a fazer o filme, mas também para que o astro relembrasse histórias, 40 anos depois, dos seus próprios esforços para tornar Rocky realidade.

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"Eu estava feliz com Rocky Balboa [o sexto longa da série], não queria fazer outro, mas me trouxeram essa ideia muito boa de como apresentar Rocky para uma nova geração, e acabei constrangido pela minha miopia de não enxergar isso", conta Stallone a respeito da ideia do diretor e roteirista Ryan Coogler de contar a história do filho de Apollo Creed, Adonis (vivido por Jordan). "Eu normalmente faço filmes em que as coisas explodem o tempo todo e me orgulho de ter feito esse filme sem perseguições, palavrões, sexo - quer dizer, sem sexo com Rocky - para essa nova geração que não estava aí quando fizemos o primeiro filme."

"Eu via os filmes com meu pai, e minha ideia era fazer um que seguisse aquela linha, do que assistíamos com nossa familia. Eu não estava tentando fazer um nome pra mim com esse filme, nem nada, apenas seguir aquela linha", diz Coogler. "A relação de pai e filho que Rocky e Mickey tinham era muito especial, e tentamos trazer um pouco disso de volta com Rocky e Adonis." Jordan complementa: "Com Ryan eu me sinto seguro para tentar coisas, e Sly foi importante para tirar o peso da responsabilidade. Ele disse para eu fazer meu negócio e não tentar competir com o legado de Rocky".

Coogler relembra a época em que tentava emplacar a ideia: "Eu estava preparando a filmagem de Fruitvale Station; eu teria menos de 20 dias para rodar o longa e ia ser insano. Daí meu agente me ligou, dizendo que Stallone me encontraria para falar da minha ideia para Creed, e ele emitiria minha passagem para Los Angeles imediatamente. Eu falei que tinha que fazer um filme, não podia sair. Ele respondeu: 'Legal, tenho certeza que vai dar certo, mas eu estou emitindo sua passagem e você vai se encontrar com Stallone'. Tive que mentir um pouco pra equipe, o assistente de direção deu um jeito, e no fim deu tudo certo", relembra Coogler sobre Fruitvale Station, seu primeiro longa, de 2014.

Como Creed é o primeiro longa da franquia que Stallone não roteiriza, o ator lembra as dicas que deu a Coogler e ao roteirista Aaron Covington: "Eu dei uma dicas de como escrever para Rocky, porque ele não vai ao assunto, ele fica cercando o assunto. Quando se escreve diálogos para Rocky, nao pode ser confrontacional, é uma coisa meio tímida". Ao ser questionado sobre como lida com o fato de Rocky Balboa ter perdido seus amigos e familiares e conviver com a morte, respondeu: "Isso acontece com as pessoas todos os dias, e eu queria fazer no filme algo que honrasse isso, que as pessoas enfrentam na vida o tempo inteiro. No fim isso me fez perceber que o relógio está correndo para mim, que a qualquer momento a vida pode tirar nossa saúde. Isso abriu meus olhos, e me fez perceber mais a noção da mortalidade. Agora eu vou sair daqui e me matar. Essa foi a pergunta mais depressiva que já me fizeram", brinca.

Presente na coletiva, o produtor Irwin Winkler, que acompanha Stallone nos longas da série, diz que há um final alternativo de Creed: "Rodamos dois finais, um em que Adonis ganha [a luta final] e outro em que ele perde". Segundo Coogler, foram feitos testes de público com os dois finais. "Mas esses resultados não disseram nada para nos ajudar a escolher. Porque o filme não muda por causa da cena final."

Winkler também relembra a produção do filme de 1976 que apresentou Rocky ao mundo: "O estúdio não queria fazer o filme com Stallone, mas eles amavam o roteiro. E Stallone fazia questão de ser o protagonista. Eles ofereceram US$ 250 mil para ele vender o roteiro, porque queriam Ryan O'Neal ou Burt Reynolds no papel principal, e Stallone não vendeu. Eles só aceitariam fazer o filme se diminuíssemos o orçamento dramaticamente, e acabamos cortando para que o filme acontecesse".

"Eu dominei a arte da pobreza", emenda Stallone, arrancando risos de todos na coletiva.

Creed - Nascido para Lutar estreia nesta semana no Brasil - leia a crítica. No OmeleTV demos o nosso veredito sobre a volta de Rocky ao cinema: