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Control

Drama narra os últimos dias do vocalista do Joy Division

22.05.2008, às 11H00.
Atualizada em 04.11.2016, ÀS 06H10

Control (Control, 2007) conta os últimos anos da vida do vocalista da lendária banda Joy Division. O grupo surgiu da cena pós-punk formada no ano de 1977, em Manchester, Inglaterra, e acabou em 18 de Maio de 1980, com o suicídio de Curtis. Tinha como integrantes Bernard Sumner, Peter Hook e Stephen Morris. Após o término, os três integrantes remanescentes formaram o New Order.

O Joy Division é considerado uma especie de divisor de águas no rock britânico. Influenciou e ainda influencia centenas de bandas pelo planeta. Foi um dos pioneiros da estética gótica por causa da forma depressiva e angustiante que Curtis cantava. Sua voz trêmula de barítono foi amplamente imitada. Percebe-se escutando o último disco do grupo um homem no limite de sua sanidade.

O filme mostra que Curtis (Sam Riley) teve uma trajetória curta e intensa. Ficou famoso por seu talento de letrista e por suas performances épicas à frente da banda. Sofrendo com os ataques de epilepsia, sem saber como lidar com o seu talento e dividido entre o amor por sua mulher Debbie (Samantha Morton) e sua filha, e um caso extraconjugal com a jornalista belga Annik Honoré (Alexandra Maria Lara), se enforcou. O roteiro é baseado no livro Touching From the Distance de Deborah Curtis, viúva do cantor.

O diretor Anton Corbjin põe em prática no filme todo o conhecimento adquirido em décadas como fotógrafo de rock e videoclipes. Ele estréia na direção de um longa-metragem com muita propriedade. Sua abordagem monocromática, aliada à fotografia edificante de Martin Ruhe, é extremamente realista. O tom preto e branco acinzentado é o cenário perfeito para apresentar um homem em conflito constante com seus sentimentos e doença. Corbijn captura o sonho, o breve apogeu e o declínio com uma bela e triste sinceridade. Duas seqüências em especial fazem uma alusão a condição de Curtis: uma breve sessão de hipnose e uma tomada de um poste com um emaranhado de fios. Ambas as cenas procuram apontar caminhos sobre a tragédia do cantor.

Curtis, debilitado, medicado e alcoolizado, perdia energia conforme conquistava fama - e vivia em constante depressão por causa dos sentimentos conflitantes em relação a sua esposa e a sua amante. Dias antes de se suicidar precisou lidar com um pedido de divórcio, angústia por se achar um péssimo pai, constantes ataques de epilepsia e uma turnê com a banda para os Estados Unidos. Indeciso, aflito e amargurado escolheu a saída mais fácil para lidar com seus problemas.

A performance de Sam Riley, como Curtis, impressiona. O ator repete todos os trejeitos e maneirismos do cantor. O olhar caído e semicerrado com os movimentos selvagens que Curtis protagonizava nos shows são recriados com perfeição. Samantha Morton, como a esposa Debbie, também interpreta com muita emoção os conflitos sentimentais. Destaque também para Toby Kebbell no papel de Rob Gretton, o empresário da banda. Ele rouba diversas cenas.

O único pecado do diretor Anton Corbjin foi ter usado somente o livro escrito por Deborah Curtis na construção da história. O roteiro de Matt Greenhalgh preferiu sustentar a trama no relacionamento de Curtis com sua esposa e a amante em detrimento da rica poesia escrita por Curtis. Em certos momentos o filme descamba para o melodrama. A narrativa convencional não corrobora as escolhas artísticas da linguagem cinematográfica utilizada.

Mas esses pequenos defeitos não diminuem a força das belas seqüências realizadas pelo diretor. A música do Joy Division (muitas canções foram interpretadas pelos atores) envolve uma proposta com poucos diálogos em que os gestos, interações e reações são usados para se comunicar com o espectador. Corbjin realiza um trabalho sombrio e multifacetado sobre um poeta perdido em seus sentimentos mais obscuros. Para compreendê-lo basta prestar atenção nas letras de suas canções.

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