O cineasta Geraldo Sarno morreu na noite da última terça-feira (22), aos 83 anos. Nascido em Poções (interior da Bahia), o diretor é responsável por um dos filmes mais importantes do cinema brasileiro: o documentário Viramundo (1964), que retrata a vida de migrantes nordestinos em São Paulo.
Sarno estava internado há um mês no hospital Copa D'Or, no Rio de Janeiro, por complicações da covid-19. Geraldo tinha tomado as três doses da vacina e preparava um retorno para a Bahia, de acordo com informações do G1.
O diretor começou no cinema a partir de uma bolsa de estudos em Havana, em 1963. Ao voltar ao Brasil, assinou o primeiro filme, Viramundo, sobre a população do Nordeste que trabalhava na indústria e na construção civil em São Paulo.
Viramundo foi pioneiro ao trazer a nova imagem da classe operária brasileira, a do camponês de origem nordestina corrido da seca e da fome, e do surgimento de um sistema religioso neopentecostal, hoje hegemônico no Brasil.
Seu último filme, Sertânia (2020), dialoga com Viramundo, de acordo com Geraldo Sarno em uma de suas últimas entrevistas, em dezembro de 2021.
"É um filme que muito tem a ver com Sertânia. É a realização de uma obra que teve início em Viramundo e é uma reflexão sobre o Brasil e sobre o sertão em São Paulo. Minha cinematografia, em grande parte, se dedicou a essa documentação e a esse trabalho de ficção", explicou.
Em 2008, recebeu o prêmio de melhor direção no Festival de Brasília pelo filme Tudo isto me parece um sonho, sobre a história do general pernambucano Ignácio Abreu e Lima, que, ao lado de Simon Bolívar, participou de batalhas que resultaram na libertação da Colômbia, Venezuela e Peru da Coroa Espanhola no século XIX.
Geraldo Sarno completaria 84 anos no próximo dia 6 de março.
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