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O que é Caminhos da Memória? Hugh Jackman estrela épico da criadora de Westworld

Misturando noir, ação e futurismo, filme estreou hoje (19) nos cinemas brasileiros

19.08.2021, às 14H16.
Atualizada em 20.08.2021, ÀS 11H21

Este é um filme sobre pessoas tentando sobreviver, melhorar e se conectar umas com as outras”. Foi assim que Lisa Joy, roteirista e diretora de Caminhos da Memória, definiu o filme estrelado por Hugh Jackman na apresentação especial da qual o Omelete participou, em junho. Joy, mais conhecida como cocriadora de Westworld, mistura doses generosas de ação, romance e ficção científica em sua visão de uma Miami futurista, parcialmente submersa pelas águas que se elevaram devido ao aquecimento global.

Neste cenário, o ex-intérprete do Wolverine vive Nick Bannister, veterano das guerras que eclodiram nas fronteiras de vários países diante do cataclisma global. Hoje, ele trabalha como operador de algo chamado “máquina da reminiscência”, na qual indivíduos podem mergulhar em memórias antigas e vivê-las como se fosse a primeira vez. A tecnologia, como ele explica no trailer (veja abaixo), virou “um modo de vida” - em tempos difíceis, uma forma fácil de relembrar momentos mais felizes.

Certa noite, a bela cantora de boate Mae (Rebecca Ferguson) tenta contratar os serviços de Nick, mas desaparece pouco depois, sem deixar vestígios. Obcecado, o nosso protagonista parte em uma viagem pelo submundo do crime em busca do paradeiro da misteriosa mulher. É uma trama que poderia ter saído de um film noir, gênero popular na Hollywood anos 40 e 50, que gerou clássicos como Pacto de Sangue e Fuga do Passado, se não fosse pelos pequenos toques de ficção científica inseridos por Lisa Joy.

Por exemplo: a tensa cena de ação ambientada no bar do criminoso Saint Joe (Daniel Wu), que o Omelete pode assistir, se passa em plena luz do dia, ao invés de na calada da noite. Isso se repete em todos os momentos mais violentos de Caminhos da Memória, como contou a diretora, e o motivo é simples: no futuro imaginado pelo filme, as pessoas dormem durante o dia, quando está muito calor para sair de casa, e a vida social “regular” da cidade acontece à noite.

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Joy aproveita essa oportunidade para antagonizar a ideia tradicional de noir, com seus personagens envolvidos em contrastantes ambientes de luz e sombra, e sua moralidade fatalista. “Parte do gênero é dividir os personagens entre ‘boa moça’, ‘femme fatale’, ‘herói estoico’. Eu não queria usar esses arquétipos, essas caracterizações maniqueístas. O meu filme é sobre como podemos desmontar esses arquétipos. No início, você pensa: ‘esse personagem é assim’. Mas ninguém é só uma coisa, e todos nós temos razões para ser quem somos. Não acredito em vilania absoluta, ou em bondade absoluta”, disse ela.

A não ser pelo confronto no bar (que, inclusive, ocorre ao som de uma versão de “Tainted Love”, escolha deliciosamente kitsch da diretora), as outras cenas exibidas por Joy fugiam da ação e se concentravam na dinâmica do mundo e dos personagens. Em uma delas, Jackman e Ferguson flertam em uma boate, “ao melhor estilo Humphrey Bogart e Lauren Bacall”; em outra, um impressionante take aéreo mostra a cidade de Miami invadida pelo mar, até aterrissar em Jackman entrando em seu escritório e atendendo um cliente ao lado da parceria Watts (Thandiwe Newton), nos mostrando como a tal máquina de reminiscência funciona - um feito impressionante e curioso de design de produção e efeitos práticos.

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Joy garantiu, no entanto, que Caminhos da Memória tem muito mais adrenalina do que o mostrado. “Eu amo ação, sempre amei ação, e Hugh Jackman é um dos maiores astros de ação de todos os tempos. Ele é um dançarino muito habilidoso, também, o que ajuda muito na hora de aprender a coreografia das lutas. Este filme tem bastante ação, e boa parte dela se passa embaixo d’água, o que filmamos de maneira prática, porque eu acho que é impossível mostrar interações de pessoas com a água de outra forma, mesmo com os efeitos especiais mais incríveis”, comentou.

Admiradora confessa de cineastas como Hayao Miyazaki, Yasujiro Ozu e Wong Kar-Wai - que inspiraram, todos, partes diferentes do seu filme -, ela quer trazer “o melhor de dois mundos” para o público. “Eu gosto do que é chamado de ‘cinema de arte’, mas também gosto de ser entretida, e não acho que precisa haver uma separação entre as duas coisas. [...] Também acho que todo filme precisa de um pouco de intelectualidade, um pouco de inteligência, para criar um mistério com o qual o espectador queira se envolver. Tentei trazer um pouco de cada coisa”, disse.

Caminhos da Memória está em cartaz nos cinemas brasileiros. Caso siga a regra geral para os filmes da Warner Bros., o longa deve chegar ao streaming HBO Max dentro de 35 dias - ou seja, por volta de 23 de setembro.