Primeiro nos rankings globais da Netflix, Brick se tornou o fenômeno do streaming nos últimos dias. Produção alemã estrelada por Matthias Schweighöfer, que também atuou em Army of the Dead e Oppenheimer, o longa conta a história de um grupo de pessoas que fica preso em um edifício após ele ser revestido completamente por uma espécie de tijolo tecnológico. Nada é explicado, nada é descrito pelos veículos de comunicação, e os residentes, que vivem em Hamburgo, procuram soluções para tentar sair vivos do local. Qual é o segredo por trás da barreira? É um vírus? É um pesadelo? Uma contaminação ou um golpe? A gente explica tudo aqui para você – e tenta entender também o significado por trás de tudo!
Qual é a história de Brick?
Um grupo de pessoas fica preso em um prédio após ele ser revestido por uma barreira intransponível. Essa é a simples sinopse de Brick. Você acompanha um casal que vive uma crise após perder um bebê e, aos poucos, conhece outros residentes (ou turistas) que também estão presos na construção. Gradualmente, além de notar que a parede tem aspectos bem específicos – como ser magnética e se mover – eles descobrem que pessoas do próprio edifício fazem parte da organização que criou aquilo.
O que acontece com os moradores?
No meio de um punhado de mortes, dramas familiares, overdoses e segredos sobre vigilância, descobrimos que, o tempo todo, o edifício estava sob vigilância da Epsilon, uma empresa de tecnologia que parece ter criado também o muro que agora assola os protagonistas de Brick. O protagonista, Tim, descobre que os apartamentos tinham câmeras e que um dos donos do prédio, o superhost Friedman, tinha toda a aparelhagem para ver o que estava acontecendo nos apartamentos.
Qual é o final de Brick?
Acontece que ele é apenas uma das peças desse tabuleiro. No final, descobrimos que o muro é, na verdade, um sistema de proteção que foi erroneamente ativado pela Epsilon, após um acidente ocorrido no hospital mostrado no início do filme – e também em um dos jornais que eles pegam no meio da trama. Diferente do que o vilão Yuri (Murathan Muslu) tenta vender, ao menos de forma clara, não há nenhuma conexão entre o muro e uma contaminação, vírus ou algo do tipo. Foi “apenas” uma falha no sistema de proteção feito pela empresa. Para que serve esse sistema? Para que ele foi feito?
Nos resta especular que, por ter ocorrido um acidente dentro de um hospital, talvez tenha sido uma criação baseada na possibilidade de um vírus escapar do hospital? De fato, porém, a única coisa que descobrimos no fim é que não só o prédio de Tim e Olivia (Ruby O. Fee) está revestido, mas todos os outros da cidade também. O sistema foi feito para proteger e impedir que qualquer pessoa saísse de sua casa, deixando todos isolados e dominados por uma tecnologia feita pelo próprio homem – e que falhou.
Qual é o significado do final de Brick?
À parte as teorias de que há, sim, um vírus à solta e de que Yuri, por exemplo, voltou à vida devido à contaminação… existem significados claros na metáfora que Brick apresenta. A primeira e mais lógica é como os humanos, mesmo criando tecnologias, são dominados e até eliminados pelas próprias criações. Tanto Anton (assassinado pelo colega) quanto Friedmann (provavelmente acidentado na hora do lockdown), que trabalhavam de alguma forma para a Epsilon, morreram devido ao sistema. Além do prédio que acompanhamos, no final, vemos que todos os outros foram tomados pelo muro – o que deixa ainda mais pontas soltas para a Netflix criar sequências e derivados.
Em termos dramáticos, dá para usar o caso de Olivia e Tim como foco da metáfora. Ambos passaram quase dois anos juntos após o aborto e nunca falaram sobre o assunto. O medo de lidar com a frustração impediu que tivessem a capacidade de quebrar o muro em volta do luto para conseguir superar a perda do filho – e foi preciso literalmente uma parede para que os dois se entendessem, ou ao menos começassem a repartir um pouco da dor. Tim protege Olivia dos metais, numa clara ação de vida ou morte que o muro impõe. Brick não tem sutileza alguma em mostrar seus significados.
No fim, assim como O Poço e até Dark, Brick pode acabar sendo mais um daqueles fenômenos da Netflix que espalha teorias e cria várias sequências e derivados para discutir não só a parte dramática que a história traz, mas também os mistérios e teorias acerca da Epsilon e seus funcionários.
[Publicado originalmente em 15 de julho de 2025]