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Brasília vira cenário de faroeste no filme Cano Serrado

"É na tensão que o ser humano mostra sua verdade", diz ao Omelete o diretor Erik de Castro

05.11.2017, às 16H44.
Atualizada em 05.11.2017, ÀS 18H54

Com ecos de filme de ação dos anos 1980, numa Brasília que resolve a corrupção a balas, o longa-metragem Cano Serrado se apresenta como um faroeste dos nossos dias. "Não é uma história de heroísmo, mas de anti-heróis, que representa a alegoria de uma certa hierarquia da lei, entre o que vem da capital e o que está fora dela", diz ao Omelete o diretor Erik de Castro.

Na trama, Sargento Sebastião busca vingar a morte do seu irmão, um caminhoneiro. Dois policiais da capital são confundidos com os assassinos do irmão e entram na mira do oficial. "O sargento é inspirado na figura do xerife vivido pelo Brian Dennehy em Rambo: Programado para Matar", diz Castro, documentarista de Senta a Pua! que passou à realização de thrillers de ficção em 2010 com Federal. O heroísmo aqui, em seu novo filme, protagonizado por Rubens Caribé, é só fábula. Na terra sem lei e sem alma onde Sebastião é figura de ordem, herói é quem atira primeiro e mais certeiro.

Paulo Miklos, Jonathan Haagensen e Milhem Cortaz também estão no elenco, e a caçada pessoal de Sebastião vai revolver cicatrizes que mexem com figuras poderosas da Justiça. O delegado interpretado por Fernando Eiras é um deles.
"Eiras brincava no set: 'Eu faço um bicho'. É que há algo nessa história que desafia a potência humana. A situação de conflito do filme se estabelece a partir de um mal-entendido entre policiais de uma cidadezinha do interior e policiais da capital. Esse conflito tem um climão que lembra Meu Ódio Será Sua Herança, um clássico do faroeste. Esse projeto é a continuidade de um gênero que me toca e que passa por grandes filmes dos anos 1980, como Chuva Negra e Os Intocáveis", diz o diretor. "É na tensão que o ser humano mostra sua verdade."

Já rodado, o filme é uma das expectativas para o cinema brasileiro fora do eixo RJ-SP para 2018. Visto por cerca de 115 mil pagantes, Federal foi um marco para os padrões do cinema brasiliense. "Os números dele fizeram história pelos parâmetros daqui, antes da ampliação da regionalização de nosso cinema", disse Castro. "Desde o seu lançamento, eu mergulhei em roteiros, dedicando-me à escrita e cheguei, em meio a uma série de projetos, a esta história, que tem como referência o cinema de David Webb Peoples, que escreveu Os Imperdoáveis e o primeiro Blade Runner."

Cano Serrado ainda não tem data de estreia definida.