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Branca de Neve Depois do Casamento

Um lamentável desperdício de recursos

18.09.2008, às 16H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H40

É surrealista a empolgação (dos distribuidores pelo menos) em torno da "nova obra-prima de Picha". O sujeito de nome esquisito em questão é o mesmo diretor de Tarzan - A Vergonha da Selva e, novamente, se apropria de um conto clássico para deturpá-lo com doses de malícia.

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Nada contra a deturpação, que fique claro. Adoro versões estranhas de contos-de-fadas estabelecidos, como a história em quadrinhos Fábulas (essa sim merecedora da alcunha "obra-prima") ou aquele clássico desenho pornô animado dos Sete Anões. Mas Branca de Neve Depois do Casamento (Blanche-Niege, la suite, 2006) é simplesmente intragável.

O filme é uma seqüência de Branca de Neve e os Sete Anões, imaginando que as coisas talvez não tenham corrido tão bem depois do casamento da alva personagem com seu Príncipe Encantado.

O humor da co-produção da Bélgica, França, Reino Unido e Polônia, simplesmente não funciona. São piadas pré-adolescentes que só fariam rir mesmo a turminha do fundão da quinta-série. A animação acompanha. Tosquíssima, só funcionaria se houvesse algum estofo narrativo que nos fizesse ignorar a má qualidade artística. Não é o caso.

Nem na malícia Picha acerta. Há uma ou outra cena mais picante - uma princesa de peito nu aqui, outra ali - mas nada remotamente sensual. Ora, se quer mostrar uma orgia de contos de fadas, que mostre! É ou não é uma animação adulta, afinal? Pra quê esconder com silhuetas e insinuações o que todo mundo na platéia é suficientemente adulto pra ver? Pelo menos seria mais divertido.

O único ponto realmente positivo são as vozes. A dublagem da fantástica atriz Cécile de France, ao lado de Rik Mayall e Jean-Paul Rouve, entre outros, é ótima. Mas como ninguém vai ao cinema só pelas vozes, Branca de Neve acaba mesmo sendo 80 minutos de besteirol que você nunca mais terá de volta.