Biografia: Charlize Theron

Responda rápido: o que vem à sua mente quando pensa em Charlize Theron? Se você lembrou apenas dos olhos azuis e do corpo escultural, saiba que os traços perfeitos escondem uma história repleta de percalços. A atriz nasceu em uma pequena comunidade rural chamada Benoni, situada a cerca de 40 quilômetros de Johanesburgo, na África do Sul. Aos 15 anos sofreu com o trauma da morte de seu pai, baleado pela mãe, que se defendia do estado ébrio e violento do marido. Aos 16, venceu um concurso de modelos local, que exigiu sua mudança para a Europa e no ano seguinte já trabalhava nos Estados Unidos. Pouco tempo depois, porém, desistiu das passarelas para ser bailarina, tentativa que foi frustrada por uma séria lesão no joelho.

O caminho para o cinema parecia traçado quando sua mãe lhe comprou uma passagem para Los Angeles. Porém, foi na fila de um banco, brigando para descontar um cheque que Charlize Theron foi descoberta por um agente e ganhou a chance de fazer um teste. Sua primeira aparição nas telonas foi irrisória: uma participação muda de apenas três segundos no filme A colheita maldita 3. Seus próximos papéis não foram muito melhores: pequenas pontas em Contrato de risco e The Wonders - O sonho não acabou. Em 1997, a atriz foi escolhida para atuar ao lado de Keanu Reeves e de Al Pacino em O advogado do Diabo, sua primeira participação de destaque. Charlize fazia a mulher do personagem vivido por Reeves, e aproveitou muito bem a chance de mostrar sua capacidade de fazer papéis mais profundos e dramáticos, já que sua personagem era uma mulher atormentada por visões demoníacas.

O papel foi suficiente para levar a atriz a alçar vôos maiores. Em 1998, o convite de Woody Allen colocou Charlize ao lado de nomes como Winona Ryder e Leonardo DiCaprio em Celebridades, filme que discutia o culto aos famosos. Na seqüência, Charlize viveu a botânica Jill em O Poderoso Joe, remake de um filme inspirado em King Kong. O filme que mostrava sua amizade com o simpático gorila Joe inseriu a bela no gênero aventura. 1999 poderia ser conhecido como o ano em que Charlize fez par romântico com dois bonitões de Hollywood. Na péssima ficção Enigma do Espaço, a atriz fez a esposa de Johnny Depp, e no premiado Regras da Vida dividiu a cama com Tobey Maguire. Mas sua presença na revista Playboy talvez tenha ofuscado um pouco tais participações (Não se engane: além de receber sete indicações ao Oscar, o longa baseado no best-seller de John Irving é um drama capaz de fazer qualquer marmanjo debulhar lágrimas).

Charlize talvez seja a prova de que a vida é mesma feita de altos e baixos. Depois de sofrer para conquistar o respeito de diretores e público, a atriz participou de títulos como Jogo Duro, em que contracenou com Ben Affleck; seguido por Caminho sem volta, ao lado de Joaquim Phoenix, e Lendas da Vida, um drama em pleno campeonato de golfe, com Will Smith e Matt Damon. A bela voltou a subir quando rejeitou o papel da mocinha em Pearl Harbor. Charlize preferiu repetir a parceria com o antigo colega Keanu Reeves no romance Doce novembro. Seguiu-se um novo trabalho com Woody Allen, em O Escorpião de Jade, em que fazia uma loira sexy inspirada na diva dos anos 50 Veronica Lake.

Mesmo depois de tantas experiências, ainda estava por vir o ano de Charlize Theron. Em 2003, a atriz alcançou mais um sucesso no papel de sex simbol em Uma saída de mestre, um remake do filme estrelado por Michael Caine em 1969, Um Golpe à Italiana. Porém, é Monster - Desejo assassino o filme que pode ser considerado um divisor de águas na carreira da sul-africana. A atriz encarou o desafio de engordar e passar por horas de maquiagem que deformavam seu belo rosto. As mudanças feitas para interpretar uma prostituta acusada de assassinar sete homens e sua relação com a personagem de Christina Ricci exigiram um esforço dobrado, justamente recompensado com o Oscar de Melhor Atriz, desbancando a concorrência de Diane Keaton e Naomi Watts. Pelo mesmo filme, Charlize levou ainda o Globo de Ouro de Melhor Atriz - Drama.

Outro papel digno de destaque da atriz foi em A vida e a morte de Peter Sellers, em que viveu uma das mulheres do ator e comediante. Na biografia, Charlize interpreta a bela modelo sueca Britt Ekland, que se casou com Sellers em meados dos anos 60. Pela sua participação, ela foi indicada aos prêmios Emmy e Globo de Ouro. Depois disso, Charlize viveu a experiência de contracenar com o seu atual namorado, Stuart Townsend, em Três vidas e um destino. Eles dividem a cama com Penélope Cruz, num drama que mostra a luta de uma fotógrafa boêmia contra o fascismo em meio à Primeira Guerra Mundial.

Aos 30 anos, a atriz concorre ao Oscar pela segunda vez. Se na última indicação Charlize fazia uma personagem de índole questionável, em Terra Fria ela pode se orgulhar de levar a história da corajosa Josie Aimes ao cinema, uma mineira em plena luta contra o assédio sexual. E aí, muito mais que um rostinho bonito, não?