Selton Mello confessa que se emocionou ao ver Anaconda pela primeira vez. Isso porque o filme marca sua estreia no cinema hollywoodiano, o que ele considera um “fechamento de ciclo” para sua carreira: “Eu passei toda a minha infância dublando filmes [estrangeiros]. Sei lá, 10 anos da minha vida sendo a voz para esses talentos internacionais. Olha como a vida é bela, porque agora eu estou lá na tela”.
O Omelete conversou com Mello e seu diretor em Anaconda, Tom Gormican (O Peso do Talento), sobre os segredos da nova versão deste clássico trash de 1997, que tem uma premissa bem curiosa. Aqui, Paul Rudd e Jack Black vivem Griff e Doug, dois amigos que resolvem realizar o seu sonho: ir para a Floresta Amazônica gravar um remake do filme estrelado por Jennifer Lopez.
Levando dois amigos (Thandiwe Newton e Steve Zahn) a reboque, eles contratam um treinador de cobras (Mello) e seguem viagem, mas estão para lá de despreparados para o que vai acontecer pelo caminho. O longa já está em cartaz nos cinemas brasileiros, com distribuição da Sony Pictures.
OMELETE: Olá, Selton! Olá, Tom, bem-vindo ao Brasil!
MELLO: Olá! Vamos fazer uma mistura de inglês e português aqui, vai dar certo.
GORMICAN: Muito obrigado! É minha primeira vez aqui no Brasil. Estou muito animado.
OMELETE: Espero que goste! E eu quero começar com você: estou fascinado pelos elementos metaficcionais deste filme. Por que você decidiu fazer o filme dessa maneira, e qual lugar o original ocupa no seu coração?
GORMICAN: Quero dizer, antes de tudo, que amo o original. Amo as atuações, amo Jennifer Lopez, Ice Cube, Jon Voight, Owen Wilson no começo da sua carreira. Eu amo, amo muito. E, por essa razão, eu realmente não queria tocar na propriedade intelectual em si – não queria fazer um reboot, não queria fazer um remake… mas, se eles me deixassem fazer uma ideia totalmente original inspirada em Anaconda, isso era algo que interessaria. Então, sabe, tudo vem de um lugar de amor por aquele filme. E, para mim, a ideia de quatro velhos amigos indo viver o sonho de fazer um filme, é engraçada. Quando dizemos que há um milhão de coisas que poderiam dar errado ao fazer um filme, é verdade, mas se você os coloca em perigo real durante a gravação é ainda melhor.
OMELETE: Certo! Selton, quero te fazer uma pergunta parecida, mas de uma perspectiva brasileira. O Anaconda original tem sido popular por aqui, apesar de seu retrato estereotipado do Brasil. Então, o que mudou para esta versão?
MELLO: É totalmente diferente. Como o Tom disse, é uma história original. Sabe de uma coisa? É um filme sobre amizade, no fim das contas. É sobre esses caras tentando realizar o sonho deles. E aí eles precisam do roteiro, precisam da direção, precisam de uma cobra – e essa é a minha praia, é onde eu entro na equação. A propósito, eu trabalhei sem cobra! Fiz o treinador de cobras sem nenhuma cobra. [Risos] Foi tudo CGI, o que foi fantástico.
OMELETE: Também quero te perguntar... para nós, no Brasil, é incrível te ver em uma grande produção de Hollywood como essa. Você tem sido um marco da TV e do cinema aqui por tantos anos, e é bom ver o mundo prestando atenção, sabe? Então, me diga: como foi receber essa oferta, e o que significa para você dar esse salto?
MELLO: Meu Deus, foi uma experiência fantástica. Eu passei toda a minha infância dublando filmes. Dublando Ralph Macchio em Karate Kid, dublando Charlie Brown, dublando Tom Hanks, Robert Downey Jr., Matthew Broderick. Então passei, sei lá, 10 anos da minha vida sendo a voz para esses talentos internacionais. Olha como a vida é bela, porque agora eu estou lá na tela. E, quando me vejo... tenho que te dizer, foi emocionante, porque foi como um belo círculo da minha vida se fechando. Isso é muito, muito especial.
OMELETE: Perfeito, que resposta incrível. Muito obrigado, pessoal, e parabéns pelo filme!
GORMICAN: Obrigado!
MELLO: Só para finalizar, tenho que dizer algo muito importante para o público brasileiro... em um bom português. Tom preparou muitas surpresas nesse filme, então você tem que assistir tudo – todos os créditos, ok? Tem coisas inacreditáveis que o público vai ver, ali para o final do filme, e nos créditos e pós-créditos. É um filme cheio de surpresas, e o público vai amar.