A Variety fez uma extensa reportagem sobre como diretores indicados ao Oscar de Melhor Filme Internacional deste ano repercutem a nova era política do mundo, especialmente com Donald Trump na presidência dos EUA, mais uma vez. Entre os diretores ouvidos está Walter Salles, brasileiro de Ainda Estou Aqui.
Para Salles, o filme se torna ainda mais relevante dentro da nova era Trump, mas também frente aos últimos fatos políticos ocorridos no Brasil. "“O filme ressoa com os eventos atuais no Brasil, mas infelizmente não apenas no Brasil. Estamos vivendo um momento de extrema fragilidade da democracia em diferentes partes do mundo e acho que isso é em grande parte responsável por os membros do público que dizem: 'Bem, não é um filme sobre o passado. É um filme sobre quem somos agora'", apontou o diretor.
Walter Salles também aproveitou para explicar melhor sobre o filme para o público estrangeiro. "É um filme sobre a luz de uma família no começo e em como essa luz é drenada quando uma enorme injustiça é cometida", disse. "Mas também é sobre como alguém pode superar a perda. Ele fala muito não só sobre aquela família, mas sobre o país como um todo. Eu sempre tentei fazer filmes nos quais a jornada dos personagens de alguma forma se mistura com a jornada de um país", complementou.
Ainda Estou Aqui se passa durante a ditadura militar no Brasil, na década de 70. Ele conta a história de Eunice Paiva, que teve seu marido, Rubens Paiva, levado pelos militares e dado como morto, sem grandes explicações. Eunice é vivida por Fernanda Torres, que também está indicada ao papel de Melhor Atriz.
Vale lembrar que Ainda Estou Aqui concorre também em Melhor Filme no Oscar 2025. A cerimônia será realizada em 2 de março.