Um grupo de ex-agentes federais iniciou uma ação contra a Universal nesta quarta-feira, 16, acusando o estúdio de manipular os fatos utilizados no roteiro de O Gângster (American Gangster), filme de Ridley Scott estrelado por Denzel Washington e Russell Crowe.
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O estúdio é acusado de informar erroneamente nos créditos finais do filme que três quartos dos agentes da agência de combate ao tráfico de drogas (Drug Enforcement Agency, DEA) envolvidos no caso da prisão de Frank Lucas foram presos após o traficante ter se tornado informante da polícia. Os agentes que deram início ao processo acusam o estúdio de prejudicar sua reputação, declarando que a informação nos créditos é uma lenda falsa e difamatória.
O processo continua declarando que nenhum agente da DEA ou de qualquer outra corporação foi condenado por qualquer motivo relacionado a Frank Lucas (Denzel no filme), seja baseado em sua colaboração com o agente Richie Roberts (Crowe), seja proveniente de qualquer outra fonte. O processo pede uma indenização de mais de 50 milhoes de dólares e uma parte da bilheteria, bem como a proibição da distribuição do filme.
O advogado Dominic Amorosa - promotor que conseguiu a condenação de Lucas em 1976 e agora representa os agentes da DEA - informou que seus clientes têm sido obrigados a explicar os fatos levantados pelo filme. Ele exemplificou o fato com o caso de um ex-agente que agora está no Iraque. Segundo Amorosa, cerca de 20 soldados perguntaram ao ex-agente como a DEA podia ser tão corrupta, obrigando-o a explicar que os créditos do filme estão errados. O advogado reafirmou que nenhum agente da DEA ou membro da polícia de Nova York foi condenado por qualquer coisa ligada à investigação de Lucas.
As reclamações dos agentes, incluindo Jack Toal, que trabalhou com Lucas depois que ele passou a colaborar com a polícia, começaram em novembro, quando Dominic Amorosa enviou uma carta à Uiversal solicitando uma retratação e correção dos créditos do filme. Além de Toal, o processo reúne as reclamações de 400 agentes que trabalharam na cidade entre 1973 e 1985.
A Universal respondeu às acusações dizendo que o processo não tem fundamento e que o filme não difama nenhum dos agente federais. Segundo a declaração oficial do estúdio, os policiais mostrados no filme são membros da polícia da cidade de Nova York e os créditos finais referem-se à New York City Drug Enforcement Agency, e não à agência federal Drug Enforcement Administration. Ou seja, o estúdio não diz que há erro na informação de que policiais e agentes foram presos após Frank Lucas tornar-se informante. Apenas declara que não pode ser processado por agentes federais porque os maus policiais citados na produção são funcionários municipais. Resta saber como será a reação dos policiais e agentes da cidade diante dessa informação.
O Gângster estréia no Brasil no próximo dia 25.