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A Montanha Enfeitiçada

Refilmagem deixa as descobertas de lado para priorizar a correria

16.04.2009, às 17H00.
Atualizada em 15.11.2016, ÀS 23H06

A Montanha Enfeitiçada nasceu como livro em 1968, já foi filmado pela Disney em 1975, ganhou uma sequência em 1978 e até dois longas feitos para a TV, um nos anos 80 e a outro em meados dos anos 90. Muita coisa mudou de lá para cá. Estadunidenses e soviéticos travaram uma disputa pelo espaço, foguetes e satélites já foram lançados aos confins do universo para colher dados e dizem até que em 1969 o homem pisou na Lua. Mas uma coisa continua a mesma: a fascinação que nasce da curiosidade em saber o que está lá fora.

A Montanha Encantada

A Montanha Encantada

A nova versão, dirigida por Andy Fickman (Ela é o Cara, Treinando com o Papai), é um reflexo dessas mudanças todas e, principalmente, da fascinação causada pelos seres que vêm do espaço. Se elas foram criadas como duas crianças desmemoriadas que pouco a pouco vão se lembrando do seu passado, na versão do século 21 elas sabem desde o começo que são dois alienígenas na Terra e têm uma missão bem definida: colher dados que podem salvar não apenas o seu planeta, mas também o nosso.

E por isso a mundança do título em inglês. O que um dia foi uma "Fuga para a Montanha Enfeitiçada" (Escape to Witch Mountain) hoje é uma "Corrida para a Montanha Enfentiçada" (Race to Witch Mountain). Sai a aventura das descobertas, e entra a correria para fugir dos agentes federais que querem dissecar os seres vindos do espaço e um ETzão caçador que quer matar os dois irmãos antes que eles completem a sua missão.

Sobra, então, aventura e faltam desenvolvimentos de personagens, que vão surgindo e sumindo da história ao bel-prazer do diretor. Cheech Marin é o maior exemplo, relegado a uma ponta apagada (com o perdão do trocadilho). Não faz sentido a "transformação" do carrancudo Jack Bruno (Dwayne "The Rock" Johnson) na figura paternal que vai fazer de tudo para defender os dois irmãos. E a culpa aí não é dos atores. O sempre carismático Johson, a talentosa AnnaSophia Robb (Ponte para Terabítia) e o sem-emoções Alexander Ludwig (Os Seis Signos da Luz) estão até bem esforçados, mas sobra pouco espaço para eles entre as perseguições e explosões.

Outro elemento mal utilizado é Las Vegas. A cidade, que poderia facilmente virar um "personagem" do filme, fica relegada ao papel de palco de convenções de fãs de ficção científica, malucos, nerds e mafiosos. O resultado final acaba sendo mais um filme de aventura infantil/adolescente feito para a TV, mas que por um acaso do destino dessa vez chega antes aos cinemas.