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Festival do Rio | Vermelho Russo abre a Premiére Brasil arrancando risadas

Longa retrata a aventura de duas atrizes brasileiras no país

09.10.2016, às 10H49.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Paisagem inóspita para os padrões da ficção nacional, a Rússia virou cenário no filme de abertura da seleção de ficções da Première Brasil do Festival do Rio 2016, que deu uma leveza e um tom de comédia incomum ao padrão competitivo de uma das mostras mais disputadas do país.Dirigido por Charly Braun, Vermelho Russo é uma espécie de Encontros e Desencontros (2003) à moda eslava, mesclando fato, ficção e teatro na relação de duas amigas, ambas atrizes, que vão viajar para estudar em Moscou, vividas por Martha Nowill e Maria Manoella. Trovador urbano, Michel Melamed entra em cena compondo um triângulo com as protagonistas, que saem pelas ruas a explorar os resquícios do passado soviético na arquitetura russa, e aprender a relação de seus habitantes com a arte.

“A Rússia aparece no filme como se Marte, uma paisagem distante, de uma língua diferente, conhecida por ser o lugar por excelência das técnicas de interpretação na história do teatro”, disse Braun, que ganhou o troféu Redentor de melhor diretor na Première de 2010, por Além da Estrada, no qual viajava Uruguai adentro. “Este novo longa tem também algo de ‘filme de estrada’, só que com deslocamentos mais curtos, nos quais as personagens basicamente andam de metrô, da escola para o alojamento, do alojamento para a escola. Mas os conflitos internos delas explodem nesse trajeto”.

Na trama, Manoella viaja para terras russas, para fazer um curso de atuação sob a metodologia de Stanislavski, e leva Martha consigo, mesmo sem pedir (ou sem querer), como companhia, como colega e como bagagem. Lá, em solo estrangeiro, os desejos e as aspirações artísticas de ambas vão colidir, ora violentamente, ora com muito humor. Neste domingo, Vermelho Russo terá novas exibições no Kinoplex São Luiz, às 16h30 e às 21h30.

A projeção do longa de Braun marcou a estreia do Cine Roxy, em Copacabana, como novo lar da competição brasileira do Festival, que recebe neste sábado um dos filmes mais esperados do cinema brasileiro: o drama Redemoinho. Filmado em Cataguases (MG), com base na obra literária Inferno Provisório, de Luiz Ruffato, o filme marca a estreia do diretor de TV José Luiz Villamarim (de sucessos como Justiça e Amores Roubados) como cineasta.

No enredo, dois amigos (interpretados por Irandhir Santos e Julio Andrade) que tomaram rumos profissionais e afetivos distintos em suas vida se reencontram às vésperas de Natal, em um bairro operário pobre onde nasceram. Dilemas da amizade e do amor viram à tona enquanto eles lavam roupa suja, à luz da fotografia de Walter Carvalho (de Central do Brasil).

“Desde que li o romance Eles Eram Muito Cavalos, do Ruffato, fiquei tocado pelo formalismo dele e por seu olhar sobre o universo operário, que ele conhece bem, de dentro, e que é um ambiente pouco explorado em nosso cinema”, diz Villamarim.

No domingo, em seu cardápio de brasilidades, o Festival do Rio resgata uma pérola do fim dos anos 1960: Ternos Caçadores, de Ruy Guerra, filmado em Saint-Malo, na França. Agendado para 17h, na Cinemateca do MAM, o longa acompanha a saga do biólogo Allan (Sterling Hayden, ator-xodó de Kubrick), um estudioso de pássaros, às voltas com a chegada de um prisioneiro fugido em sua ilha. É uma chance rara de se conferir, em tela grande, um cult internacional do diretor de Os Fuzis (1964).