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Festival de Cannes | Road movie com Shia Labeouf é vaiado pelo público

American Honey, da britânica Andrea Arnold, irrita criticos com 2h42m de repetidas cenas de viagem pelo interior dos Estados Unidos

15.05.2016, às 15H01.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Apesar de ter apresentado ao Festival de Cannes um dos rostos femininos mais bonitos – o da morena Sasha Lane - entre as belezas descobertas pelo evento até agora, American Honey, da diretora britânica Andrea Arnold, não escapou das vaias da critica depois de 2h42m de uma narrativa repetitiva, que nem o carisma de Shia LaBeouf foi capaz de salvar. Road movie em concurso pela Palma de Ouro, o longa-metragem é centrado no processo de imersão de uma jovem, a bagaceira Star (Sasha), na dita “América profunda”, cruzando o Oeste dos EUA com uma trupe de adolescentes tão beberrões quanto ela. 

Cartaz de Americn Honey

Shia é Jake, espécie de mentor dessa trupe, cujo ar de galã vai atrair Star para uma jornada traduzida nas telas como um mar de excessos que a diretora - consagrada na Croisette duas vezes com o Prêmio do Juri (por Red Road, em 2006, e por Fish Tank, em 2009) – não consegue frear. Muitas situações se repetem nas andanças de Star pelos Estados Unidos, diluindo a força da narrativa, que abusa do emprego da câmera na mão, na captação das imagens, para imprimir maior realismo ao enredo.   

A recepção indigesta para American Honey, à noite, contrastou com a acolhida calorosa, pela manhã, a The Handmaiden, novo longa-metragem do sul-coreano Park Chan-Wook, o mesmo do cult OldBoy (2004). Até agora, nenhum concorrente à Palma de Ouro foi mais aplaudido do que o thriller erótico sobre a paixão entre duas mulheres, de classes sociais distintas, na Coreia dos anos 1930, sob jugo japonês. A maestria do cineasta sobre os mandamentos mais obscuros da cartilha do suspense deixou a Croisette sem fôlego, com direito a cenas de erotismo lésbico das mais picantes. 

Nas seções paralelas da Croisette, a Italia anda reinando soberana. Na Semana da Critica, o novissimo cinema italiano anunciou toda a sua potência lúdica com I Tempi Felice Verranno Presto, de Alessandro Comodin, sobre um povoado próximo de um lago marcado por uma fabula sobre lobos e moças bonitas. Já na Quinzena dos Realizadores, o experiente Paolo Virzi (de Capital Humano) reciclou sua própria estética e foi elogiado nas mais variadas línguas por La Pazza Gioia, sobre a amizade de duas internas de uma instituição manicomial. Causou comoção o desempenho das protagonistas: Micaela Ramazzotti Valeria Bruni Tedeschi

Neste domingo, Cannes sedia a première de Dois Caras Legais, de Shane Black, em projeção fora hors-concoursque promete movimentar o balneário.