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Drama tunisiano Dear Son dispara na preferência dos críticos no Festival de Cannes

Filme acompanha a destruição de uma família que faz da felicidade uma obrigação

RF
14.05.2018, às 14H55.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Retrato da juventude tunisiana em luta contra valores tradicionais, Dear Son (Weldi), drama exibido na Quinzena dos Realizadores, anda chamando mais atenção no Festival de Cannes do que os títulos da (morna) competição pela Palma de Ouro de 2018. É o segundo longa-metragem de Mohamed Ben Attia, cineasta de 42 anos revelado na Berlinale, em 2016, com a comédia romântica Heidi.

Divulgação

Em entrevista ao Omelete, o diretor diz que se surpreende ao ver esta produção de €1,2 milhão que lança agora na Croisette virar "o" assunto estético do balneário. As razões: a) seu domínio preciso da tensão; b) a abordagem de valores culturais da Tunísia. É um dos poucos filmes africanos no festival, tornando-se, disparadamente, um dos longas mais elogiados de tudo o que se viu por aqui desde terça-feira.

"Não sei se o ideal de família ainda vai resistir por muito tempo. Mas eu preciso dela para entender as opressões que estão mais próximas dos adolescentes de um país que, até muito recentemente, fazia só dois longas por ano. O cinema estreita fronteiras de intimidades entre os povos", diz Ben Attia.

Dear Son parte da relação entre o jovem Sami (Ben Ayed), tímido e alvo de recorrentes doenças, e seus pais. Preocupado com a situação do filho, Riadh (Mohamed Dhrif), um pai zeloso, decide se aposentar para aproveitar mais a companhia do garoto. Mas, em meio à peleja para se aposentar, ele é avisado de que Sami desapareceu.

"Pais não entendem a tristeza dos filhos. Há uma imposição familiar pela alegria a qualquer custo. É isso que eu tento refeltir aqui, para entender melhor o isolamento e a desconexão dos jovens, não só os da Tunísia", diz Ben Attia.

Na competição pela Palma, a segunda-feira é de Spike Lee e seu BlackKklansman, que será exibido esta noite com aura de "já ganhou" dada a relevância do diretor para os debates raciais. O histórico dele em Cannes foi amargo. Concorreu em 1989 com Faça a Coisa Certa e perdeu para a Sexo, Mentiras e Videotape, de Steven Soderbergh. Voltou em 1991 com A Febre da Selva, e se contentou com um prêmio de melhor coadjuvante, para Samuel L. Jackson. Teve uma terceira chance de ganhar prêmios com O Verão de Sam em 1999, mas perdeu de novo, sob a acusação de pregar a intolerância. Vejamos o que sobra para ele agora.