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Brasil em Cannes: relembre as vitórias do cinema nacional no festival

Produções brasileiras se destacaram nesta última edição do evento

27.05.2019, às 12H16.
Atualizada em 02.06.2019, ÀS 15H43

Duas produções nacionais se destacaram na última edição do Festival de Cannes. Enquanto Bacurau, dos diretores Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, recebeu o Prêmio do Júri, na Mostra Um Certo Olhar o drama A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, de Karim Ainouz, saiu como o grande vencedor.

Estas foram vitórias inéditas para o cinema nacional, mas os longas brasileiros não são completos estranhos do evento. Na realidade, ainda que não colecionemos muitos prêmios, tivemos vitórias importantes ao longo das últimas 72 edições do festival. Relembre-as a seguir:

1953: Melhor Filme de Aventura

Companhia Cinematográfica Vera Cruz/Divulgação

O Cangaceiro, do diretor Lima Barreto, foi eleito o Melhor Filme de Aventura, categoria hoje extinta no festival, além de ser reconhecido pela sua trilha sonora.

O filme acompanha "Capitão" Galdino, um cangaceiro temido no Nordeste. Um dia, em mais um de seus ataques, ele sequestra uma professora e pede uma recompensa por ela. Mas, quando se apaixona pela vítima, assim como seu companheiro Teodoro, as relações entre o grupo começam a se intensificar.

1962: Palma de Ouro

Cinedistri/Divulgação

O Brasil levou o prêmio máximo do festival, a Palma de Ouro, apenas uma vez, em 1962 com o filme O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte. Baseada na peça homônima de Dias Gomes, a produção acompanha Zé do Burro, um homem que faz uma promessa para uma mãe de santo na tentativa de salvar seu burro Nicolau: ele dividirá seu pequeno pedaço de terra entre os mais pobres e carregará uma cruz até a Igreja de Santa Bárbara, em Salvador, caso o bicho melhore de saúde. Quando seu pedido é atendido, Zé faz de tudo para cumprir sua promessa, mas a tarefa é mais difícil do que parece, já que todos tentam se aproveitar da sua inocência para garantir seus próprios interesses.

Ao longo das décadas, outros tantos longas brasileiros disputaram o prêmio, como Vidas Secas, Carandiru, Ensaio sobre a Cegueira e Aquarius para mencionar apenas alguns. No entanto, um em especial chama a atenção. Crônica de Um Industrial, do diretor Luiz Rosemberg Filho, foi convidado como concorrente para o festival, mas a censura durante a ditadura militar no Brasil proibiu sua participação.

1969: Melhor Direção

Mapa Filmes/Divulgação

Junto com o tcheco Vojtech Jasny, Glauber Rocha dividiu o prêmio de melhor direção em 1969 pelo longa O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro. Indicada também à Palma de Ouro, a produção é internacionalmente conhecida como Antonio das Mortes, nome do protagonista da história que fora apresentado anteriormente em Deus e o Diabo na Terra do Sol.

Com a missão de matar um novo cangaceiro da região, o personagem vivido por Maurício do Valle encontra um novo propósito de vida. Porém, pelo caminho, vai ele vai mudando sua perspectiva conforme se depara com o povo do sertão, jagunços e coroneis e lida com diferentes eventos.

1986: Melhor Atriz

Embrafilme/Divulgação

Dividindo a vitória com a alemã Barbara Sukowa, Fernanda Torres foi premiada pelo filme Eu Sei Que Vou Te Amar, de Arnaldo Jabor, em que um casal revive em algumas horas tudo o que já aconteceu no seu relacionamento. 

2008: Melhor Atriz

Pathé Pictures International/Divulgação

Mais de 20 anos depois, outra brasileira saiu com o prêmio. Em 2008, Sandra Coverloni foi eleita Melhor Atriz por sua atuação em Linha de Passe. Dirigido por Walter Salles e Daniela Thomas, o longa acompanha quatro irmãos que vivem na periferia de São Paulo e, sem o pai, lutam para conquistar seus sonhos. O título, uma clara referência ao futebol, faz alusão à ambição de um dos meninos, que vê na sua habilidade no esporte uma chance de melhorar de vida.  

2016: Olho de Ouro

Coqueirão Pictures/Divulgação

Cinema Novo saiu vencedor do Olho de Ouro, prêmio paralelo que reconhece o melhor documentário exibido no festival. Como o próprio título sugere, o longa discute o movimento artístico da década de 1960, mas sob a perspectiva dos autores Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos e tantos outros.

2019: Prêmio do Júri

SBS Films/Divulgação

Empatado com o francês Les Misérables, Bacurau foi o primeiro filme brasileiro a conquistar o Prêmio do Júri, o terceiro mais importante do festival. O longa de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles acompanha um pequeno povoado no sertão brasileiro que se despede da Dona Carmelita, um mulher forte e querida que faleceu aos 94 anos. Mas, para a surpresa dos moradores, dias depois da morte dela algo estranho acontece: a comunidade de Bacurau some dos mapas.

2019: Mostra Um Certo Olhar

RT Features/Divulgação

Na principal mostra paralela de Cannes, o drama A Vida Invisível de Eurídice Gusmão saiu vencedor. Dirigido por Karim Ainouz, o filme acompanha a vida de duas irmãs inseparáveis na década de 1950, no Rio de Janeiro. Enquanto uma sonha em ser uma pianista reconhecida, a outra quer encontrar o amor da sua vida. Forçadas pelo pai a se separar, elas assumem o próprio destino, sem desistir de se reencontrarem um dia.