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O Espetacular Homem-Aranha | KingCon Rio - parte 3

Produtores falam sobre Universo Marvel, super-heroínas, Hulk e um grande arrependimento

13.06.2012, às 23H47.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 17H16

O Omelete teve o prazer de receber na primeira edição da KingCon Rio, no dia 25 de fevereiro, os produtores de O Espetacular Homem-Aranha (The Amazing Spider-Man), Avi Arad e Matt Tolmach. Arad é produtor da Marvel Studios, tendo assinado a primeira trilogia do Homem-Aranha, além dos filmes dos X-Men, Elektra, O Quarteto Fantástico, Homem de Ferro e outros.

O filme tem data de estreia marcada para 6 de julho, e o Omelete publica agora a última parte do que rolou durante o evento [Veja as partes UM e DOIS]. Neste desfecho, antes de abrir para as perguntas da plateia, falamos sobre a possibilidade de ver um crossover do Homem-Aranha com o resto do Universo Marvel, o fracasso das super-heroínas nas telonas, o problema dos Hulks e um grande arrependimento chamado Elektra.

Vamos falar um pouco sobre o universo Marvel. A Marvel tem muitos crossovers e encontros entre...

Matt Tolmach: Você quer falar sobre isso Avi?

É, não podemos deixar essa oportunidade passar. E… Você sonha em, um dia, ver o Homem-Aranha na tela com outros super-heróis?

Avi Arad: Bem… Eu gosto de crossovers, a gente costumava fazer no mercado editorial. Os Vingadores vai estrear [Nota do Editor: a entrevista foi concedida em fevereiro de 2012]... O Homem-Aranha é único. Ele deve ficar sozinho. Apesar dele ter sido picado por uma aranha e ter ganhado alguns atributos físicos, vocês verão nesse filme que o atirador de teia é algo que ele cria. Ele é apenas... um garoto. Ele tem tantas histórias para contar. O universo do Homem-Aranha tem vilões incríveis. O Connors é um vilão tão interessante, quase todo vilão que é conectado com o Peter é realmente conectado a ele. Ou é o mentor, ou algo relacionado com o passado, ou relacionado com o futuro. É sempre bem emotivo. Então, a gente realmente não precisa. No mercado editorial a regra é: primeiro você cria encontros com seus personagens, e depois ao longo dos anos, para aqueles que acompanham os quadrinhos, a gente fazia encontros com a DC. E você joga a moeda. Quem ganha? Hulk, Batman ou sei lá? Importa a ação. Falando por mim, eu não devo falar pelo estúdio ou os donos dos direitos, eu acho que o Peter Parker, o Homem-Aranha, não precisa de um cross-over [com Vingadores]. Tem tantas histórias da vida real que podem ser contadas sobre um garoto que é um herói. Eu simplesmente não o vejo em outro universo, eu não... De novo, digo "eu" porque falo por mim, este é o personagem que precisa seguir sua linha, ser o mais realista dos heróis/super-heróis por aí.

MT: Eu concordo.

Então, eu tenho algumas perguntas da platéia. Tenho uma pergunta boa aqui, é do Rafael. Por que você acha que não existem filmes sobre super-heroínas?

AA: Para mim a resposta é simples. Acho que até recentemente, os homens não aguentariam.Eles não gostam que uma mulher acabe com eles. Então quando você tem... É verdade. Se você tiver uma mulher detonando, que não seja a Lara Croft, não vende ingresso. O cara pensa: "Não quero ver isso, já acontece em casa". Então é meio... É uma coisa meio complicada. As coisas estão mudando muito rápido. Acho que você vai começar a ver super-heroínas tomando o papel principal. Elas serão reescritas. Os quadrinhos são bem antigos, dos anos 50, 60. Antes de acontecer a revolução e os homens perceberem: "Sério? Podemos lidar com isso agora". Quando você a história sendo contada direito alguns super-heróis fantásticos... Na verdade é um ponto muito bom em que você tocou, eu não tinha pensado sobre isso até agora. A nossa garota, a Gwen, é uma heroína. E você verá isso no filme. Ela é uma heroína do mais alto nível. E sem poderes. Ela tem desafios que são reais para nós, quando temos uma família e compromissos que exigem sacrifícios.

Por favor, não dê super-poderes para ela. Ou não faça um clone dela. Certo? Por favor. Não é gente? [aplausos]

MT: Tá certo.

AA: Quando assumimos a Marvel foi logo quando a saga dos clones foi lançada. Não consigo contar quantos projetos apareceram...

MT: Alguém deu essa ideia.

AA: Eu estava lá pensando: "Nossa, não acredito. Faça o seu dever de casa!". Quer dizer, não.

MT: Você lembra disso?

AA: Nossa, eu lembro. O ponto é que vocês vão ver algumas coisas muito interessantes... Tem que ser reescrito. Você não pode pegar apenas a outra mulher. Temos que dar a elas histórias pregressas, temos que construir ao ponto de... E tiveram algumas tentativas.

MT: Tenho que dizer algo. Tenho que voltar à pessoa que perguntou isso. Parte disso depende do público. Sabe, não dê tanto crédito aos cineastas e estúdios. Digo isso como um ex-executivo de estúdio. Os estúdios fazem filmes porque acham que as pessoas vão assistir. Na maior parte. Não é apenas que as pessoas em Hollywood não querem fazer...

AA: Estou falando do público em geral.

MT: Sim, o público têm que pedir.

AA: Viu como ele fica nervoso em falar do estúdio? Eu nem falei de Hollywood!

MT: Mas estou falando sério, as pessoas tem que ir ver esses filmes. Se Hollywood, as pessoas, fizerem filmes sobre super-heroínas, será porque tem um público para isso. Acho que na sociedade estamos prontos para abraçar mulheres poderosas.

AA: A gente também não as fez poderosas.Percebemos que os quadrinhos não estavam fazendo jus às mulheres...

MT: Concordo.

MT: Você disse, elas foram escritas em outro tempo. Acho que os grandes clássicos foram escritos antes da revolução acontecer. Bom, aconteceu. Ou está acontecendo. Então está na hora de os criadores dos personagens e o público pedirem esse tipo de coisa. Aí o filme é feito. Não tem nenhuma conspiração, se sentirmos que o público irá, o filme será feito. Seus amigos tem que escrever para eles. É culpa do Avi.

Sim. E falando sobre esses filmes, eu tenho uma pergunta aqui do Vitor. De todos os seus filmes, qual foi o mais difícil de adaptar e por quê? E você se arrepende de algum?

AA: Vou te contar qual foi o mais difícil e o que eu me arrependo mais. Foi Elektra. [risos da platéia]

MT: Eles concordam.

AA: Sim, e vou contar porque. A gente tinha uma grande atriz, a Jennifer Garner, ela merecia coisa melhor que isso. É verdade. Foi na correria e isso eu culpo o estúdio. Porque foi...

MT: Um outro estúdio.

AA: Outro estúdio.

MT: Nós nunca fizemos aquilo. Nós não apressamos.

AA: Elektra podia ter sido incrível. Ela é uma personagem incrível. Mas ferraram tudo. O que aconteceu foi que ela tinha um grande programa de TV naquele tempo, eles tentaram fazer em um fim de semana, estou exagerando quanto a isso... Não estava pronto. O que acontece com os filmes é que você se arrepende se lançar antes do tempo. Se o filme não está pronto, espere um pouco. Eu acho que a Elektra voltará. Não sei quem irá fazer, mas é uma oportunidade enorme. E se você me perguntar sobre arrependimentos, é esse. Especialmente porque essa garota é mágica e ela merece mais do que isso.

MT: Boa.

Por que vocês acham que Hulk não foi bem nas bilheterias?

AA: Não, vou contar. Eu amei o primeiro Hulk, o do Ang Lee. Eu achei que foi o melhor filme de super-herói de todos os tempos. E foi uma lição sobre raiva. Acho que as pessoas têm medo da raiva mais do que tudo. As coisas que falamos uns aos outros quando estamos bravos... Foi um filme muito profundo. Minha opinião é que o final foi difícil porque matar o próprio pai no fim do filme não é exatamente animador. Não é tipo: "Oba! Matei meu pai!". "Hora de acabar o filme". Acho que para os nerds foi um excelente... A estreia foi muito boa! Sobre o segundo... Então, o que você acha?

MT: Bom filme. Eu era um executivo do estúdio na época.

AA: Não era... Esse não era um filme dele. Na verdade, nós juntos sempre fizemos ótimos filmes. E Homem-Aranha foi sempre o especial. Isto é, pra eu continuar a minha carreira depois da Marvel. O maior compromisso - e ainda trazê-lo com a gente - para continuar na "jornada" é o Homem-Aranha.

Nós temos que terminar, mas bem rápido, vocês podem contar o que farão depois de Homem-Aranha?

MT: Homem-Aranha.

Ok! Isso é ótimo!

MT: De verdade! Avi e eu somos produtores e Homem-Aranha é o que nós fazemos 90% do tempo. E nós dois também temos outros filmes em que estamos trabalhando. Mas acredite: quando eu digo que além de Homem-Aranha é Homem-Aranha. É o que estamos vivendo.

Muito obrigado, Avi Arad e Matt Tolmach.

AA: Obrigado! Vocês têm uma cidade linda! E é ótima. Espero que da próxima vez possamos ficar mais tempo. E da próxima vez, se der, gostaria que fosse no final do mês... Para podermos ir ao Carnaval. Você sabe... É como... Hey... Você sabe... Mas muito prazer em compartilhar com vocês. E é bom ver que a coisa do Comic-Con está começando a acontecer aqui. E espero que ano que vem seja duplo, triplo... E é legal, então...

MT: Obrigado, gente.

AA: Nos veremos de novo.

Muito obrigado.

No elenco estão Andrew Garfield (Peter Parker), Emma Stone(Gwen Stacy), Rhys Ifans (Curt Connors), Sally Field (Tia May), Martin Sheen (Tio Ben), Denis Leary (George Stacy), Campbell Scott (pai de Peter), Julianne Nicholson (mãe de Peter), Irrfan Khan (o vilão Van Atten), entre outros.

O longa, dirigido em 3-D por Marc Webb, estreia em 6 de julho de 2012.