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Deus da Carnificina | Omelete Entrevista Christoph Waltz e John C. Reilly

Atores falam sobre a diferença entre atuar para cinema e teatro, comédia e drama e mais!

07.06.2012, às 16H16.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 17H16

Deus da Carnificina (Carnage), o novo filme do cineasta Roman Polanski, baseado na peça God of Carnage, estreia esta sexta-feira. Na adaptação da peça, Nancy (Kate Winslet) e Alan (Christoph Waltz) são os pais de uma criança de 11 anos que sofreu bullying em um playground e Penelope (Jodie Foster) e Michael (John C. Reilly) vivem os pais do menino, de mesma idade, que praticou o ato. O convite para uma conversa amigável entre os dois casais acaba em briga. A filme se passa inteiramente no apartamento onde eles se reúnem.

O correspondente do Omelete em Los Angeles, Hunter Daniels, conversou com Waltz e Reilly sobre o roteiro do filme, a diferença de atuar no cinema e no teatro, a questão do herói na história e mais!

Confira:

Você intercala bastante filmes de comédia e drama e este filme é meio que os dois. Você aborda o personagem de "Quase Irmãos" de um jeito diferente do que aborda o Michael neste filme?

John C. Reilly: Sabe, você aborda todo personagem de forma diferente. Vai parecer clichê mas, ao mesmo tempo, eu estou fazendo a mesma coisa. Estou tentando apresentar um retrato honesto desta pessoa de acordo com que o roteiro diz. Se o roteiro diz que ele usa um smoking para uma entrevista de emprego e... se ele solta gases ao longo da entrevista você está em uma comédia e é ridículo. Se for mais sério então é um drama. Eu não penso tipo: "Ok, é uma comédia. Tenho que ser cómico". Você tem que tentar ser comprometido ao máximo. Acho que o que eu fiz de comédia é engraçado por esse motivo. Eu sou muito comprometido com ideias absurdas. E esse filme é uma comédia também, mas de humor negro, é mais sobre hipocrisia e pessoas agindo de uma forma e depois de outra.

Você começou como ator de teatro e, claro, passou para o cinema. Agora você fez um filme que é baseado em uma peça. Você aborda os dois meios de forma diferente...

Christoph Waltz: Não.

...e fazer um filme baseado em uma peça afeta como você faz o filme?

CW: Acho que não. Eu não abordo de forma diferente e nem o fato de que era uma peça faz - ou deveria fazer - diferença no filme. É um material com o qual você está ocupado e o meio... digamos, o veículo que transporta esse material é apenas para segunda consideração, eu acho. Claro, se você tem que ter uma câmera, você vai procurar o lugar ideal para colocá-la. Se você tiver que cativar um grande auditório e tiver que atingir as últimas fileiras, você vai adaptar a isso. Mas isso está implícito. Eu sempre fico um pouco... meio irritado pelo fato de que hoje em dia a forma tende a vir antes da função. Neste aspecto acho que sou um tradicionalista. Eu acho que a forma vem depois da função. Sendo a função, neste caso, o material dramático e se você souber exatamente o que quer fazer não se preocupe muito em como fazer porque virá a seguir de acordo com as necessidades.

Eu vi que está tendo muita discussão sobre sempre se ver como o herói de sua própria história. Neste filme a compaixão vai e vem. Você sempre se viu como o herói de sua própria história?

CW: Não, não. Esse é um ótimo tópico que a gente podia discutir por muito tempo. É... cada vez mais... o aspecto heroico tem sido colocado em primeiro plano na performance enquanto que, se você achar que a pessoa é o herói, ela vai ser o herói. O único caminho seria ir para baixo. O que é interessante. Nas tragédias é isso que acontece por definição. O herói cai. Pelo menos você segue essa curva da queda. Mas hoje em dia somos normalmente levados a acreditar que não há mais uma curva para cima. Os personagens começam no seu máximo de heroísmo e continuam assim por toda a história até o final. E isso é muito chato, você quer acompanhar e se identificar com o desenvolvimento. Você não quer sentir... Você não quer ser... Ter a sensação de inferioridade porque você está sendo apresentado a esse evento heroico de A a Z. Acho essa questão do herói, ultimamente nas histórias que vi, bem irritante.