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Dicas do Hessel #021 | Os novos veteranos americanos

Confira filmes de início de carreira de sete cineastas proeminentes

21.08.2020, às 12H25.
Atualizada em 21.08.2020, ÀS 12H44

Anda baixa a taxa de renovação dos nomes de prestígio do cinema americano, e muitos diretores que talvez a gente julgue jovens já têm, aí, seus 25 ou 30 anos de carreira. Não por acaso, é comum que eles tenham prosperado em meados dos anos 1990, quando o cinema independente do país ganhou um novo gás de reconhecimento no Oscar e em festivais na Europa.

As Dicas do Hessel desta semana selecionam sugestões com filmes de início de carreira de sete cineastas proeminentes do cinema americano da virada do século. As crônicas de juventude e de relacionamento são frequentes entre eles (seria porque os dramas de formação são mais baratos de fazer?), mas aqui e ali já se vislumbram as ambições que esses autores mostrariam depois na maturidade artística.

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Jogada de Risco

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Lançado em 1996, financiado com apoio do Instituto Sundance, o primeiro longa de Paul Thomas Anderson é um desdobramento de um curta que ele fez três anos antes com US$ 20 mil (verba que incluía dinheiro que o próprio PTA ganhou no cassino). O universo da jogatina de Las Vegas une os personagens de Philip Baker Hall, John C. Reilly, Gwyneth Paltrow e Samuel L. Jackson na trama, que à falta de uma dramaturgia de fôlego consegue prender o espectador pelas escolhas de ambientação e encenação (Anderson já ensaiando desde cedo uma predileção pelos travelings com zoom-in). É obra de um diretor tateando um estilo, e também de cinefilia, inclusive o personagem de Baker Hall se inspira no mesmo que o ator viveu em Fuga à Meia-Noite

Disponível no Amazon Prime Video.

Jovens, Loucos e Rebeldes

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Ao longo dos anos, Richard Linklater se especializou nas crônicas de geração, e este seu terceiro longa-metragem tira muito das próprias experiências de Linklater como estudante no Texas nos anos 1970, época de desilusão política, para cravar uma mudança de paradigmas da juventude americana. Bem ao seu estilo, ele faz isso sem parecer pedante ou paternalista; além de ter lançado Matthew McConaughey, este filme de 1993 até hoje é uma grande síntese do talento de Linklater para observar e capturar as pequenas epifanias de vidas aparentemente sem brilho.

Disponível na Netflix.

A Sangue Frio

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Christopher McQuarrie ainda era só o roteirista vencedor do Oscar por Os Suspeitos quando, em 2000, fez a transição para a direção nesta mistura frenética de farsa e faroeste moderno. O gosto de McQuarrie para as reviravoltas é levado ao limite na história de dois sequestradores (vividos por Ryan Phillippe e Benicio del Toro) que, quando mal percebem, já se tornaram anti-heróis tragados por meia-dúzia de jogos duplos. Hoje, nas suas parcerias com Tom Cruise, especialmente nos últimos Missão: Impossível, McQuarrie está na vanguarda do cinema de ação americano, e A Sangue Frio já mostrava que o diretor estreante mandava bem de senso espacial e coreografia de ação há 20 anos.

Disponível no Amazon Prime Video.

Tempo de Decisão

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Outro filme sobre jovens (e não tão jovens) despreparados para a vida adulta, o que afinal acabou virando o tema principal do cinema de Noah Baumbach. Este longa de estreia do diretor de Frances Ha e História de um Casamento é feito de tiradas espirituosas e comentários irônicos sobre a vida acadêmica, amorosa e a intelectualidade, o que também se tornaria comum nos filmes do diretor. A diferença é que, em 1995, Baumbach focava mais no humor do que nas assertivas sobre as misérias da existência.

Disponível na Netflix.

As Virgens Suicidas

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1999 foi um ano importante para a consolidação, validada nas telonas, da safra de romancistas americanos da era da Internet; é o ano de Eleição, inspirado no livro de Tom Perrotta, e também deste primeiro longa de Sofia Coppola, baseado no romance homônimo de Jeffrey Eugenides. São histórias de um olhar majoritariamente masculino mas Coppola reivindicou para si a narrativa, com muita segurança, e até hoje As Virgens Suicidas ecoa em seus filmes posteriores, variações agridoces do mesmo tema do fim da inocência.

Disponível no Telecine.

Drugstore Cowboy

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A presença do escritor e ícone beat William S. Burroughs no elenco talvez sirva de selo de autenticidade para este satírico drama criminal que se filia à melhor tradição contracultural americana dos jovens desajustados. O filme que colocou o diretor Gus Van Sant no radar da crítica em 1989 entende como poucos a persona de Matt Dillon, aqui no papel de um viciado em remédios que lidera uma gangue que assalta farmácias para se manter. A mistura de melancolia juvenil e experimentação narrativa depois se tornaria uma marca do cinema de Van Sant.

Disponível no Amazon Prime Video.

Digam o que Quiserem

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Na esteira das comédias românticas juvenis de John Hughes nos anos 1980 veio uma geração que dobrou a aposta nas neuroses precoces de relacionamento e dúvidas vocacionais. Com o aval do produtor James L. Brooks, mestre do gênero, Digam o que Quiserem tornou Cameron Crowe um roteirista/diretor central dessa safra, e desde então seu nome sempre é associado com boas tiradas de crônica comportamental e ótimas escolhas de trilha sonora (que ele aprofundaria em Vida de Solteiro e Quase Famosos). No mais, de todas as comédias românticas que John Cusack já estrelou, este filme de 1989 provavelmente tem o protagonista com mais potencial psicótico travestido de romantismo (mais até do que o Rob de Alta Fidelidade).

Disponível no Telecine.