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Quando vi Batman Vs Superman na San Diego Comic-Con

O dia em que a Liga da Justiça passeou pelo Hall H

13.07.2015, às 18H57.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H46

Não consigo explicar como foi natural acordar às 6h da manhã, após dormir às 3h, para pegar a fila do Hall H de novo. A única razão que rondava minha cabeça era a de poder presenciar um dia histórico, com a DC Comics chutando a porta e mostrando quão grandiosa pode ser. Tivesse escrito uma carta pedindo isso antes, eles não acertariam tão na mosca.

O sábado de San Diego Comic-Con é historicamente o dia mais importante, e na minha primeira experiência na feira não foi diferente. Ver Superman, Batman e Mulher-Maravilha no palco e logo depois assistir ao melhor trailer do filme que unirá os três é indescritível. Para melhorar, Jared Leto apareceu nos telões como o Coringa pela primeira vez e jogou fora boa parte do ceticismo sobre sua atuação. Meu presente de Natal estava entregue, eu posso fechar o ano dizendo que vi a história sendo feita e vibrei ao lado de sete mil pessoas. Olha, que época para ser nerd.

Grandiosos do início ao fim

As hipérboles deste texto se sustentam pelo impacto com que a DC construiu seu painel. Do telão gigante que contornava o Hall H até o senso épico de seus dois trailers, nada fugia da premissa de seriedade - ninguém entraria ali para jogar flores ou mandar beijos. O estúdio parece, finalmente, ter achado sua identidade nos cinemas. E por mais que ser sisudo possa destoar da receita atual do sucesso (leia-se Marvel), é interessante ver uma proposta que saia do comum.

"Nós não estamos aqui para brincadeira. É hora dos vilões e nós somos os melhores nisso. Não quero no provocar ninguém, nem fazer comparações. Nós mandamos nessa p%$ra", bradou o empolgado David Ayer, diretor de Esquadrão Suicida, antes de anunciar o primeiro trailer do filme. Não há discurso que defina melhor o clima do painel e a política que parece ter sido abraçada pela Warner/DC. E as prévias mostradas nos minutos seguintes ratificaram cada letra destas frases. Não era sem tempo, vamos combinar.

Amanda Waller (Viola Davis) foi a personificação de Ayer na tela. De cara fechada e fala firme, a personagem banca a criação do Esquadrão Suicida, que é apresentado aos poucos em cenas desconexas. O grupo é um bando de vilões de segunda categoria da DC, que não escondeu isso no trailer. Ninguém tem nome, ninguém é super importante, mas todos carregam uma personalidade única. Quem sai desse padrão é o Coringa malhado, tatuado e de grandes dentes metálicos que Jared Leto apresentou ao fim da prévia.

Não como dizer se as pessoas vão amar a atuação ou se ela de fato será boa. A afirmação que pode ser feita é sobre a reação super positiva ao que foi mostrado até aqui. O Hall H abraçou o Coringa de Leto, assim como todo o elenco do filme, que subiu no palco minutos depois da exibição. Em seguida, o assunto do dia:  Batman Vs Superman - A Origem da Justiça. Era a hora da verdade e a DC teria pouco mais de 15 minutos para me convencer de que o filme seria tudo o que pode ser.

Uma luta entre deuses

Assistir a um trailer no Hall H é como estar num estádio de futebol no momento do gol. E no caso de Batman Vs Superman, foi presenciar o seu time vencendo a final do campeonato. As pessoas vibraram intensamente e os arrepios chegam em doses cavalares. Tentei balbuciar duas palavras quando o trailer acabou, mas não deu. Enquanto eu tuitava para o Omelete só pensava em quão histórico era aquilo. Usam muito a palavra épico hoje, mas não há outra que se encaixe tanto nesta situação.

E o trailer foi só uma parte do encerramento do painel da Warner, que confirmou filmes novos e de uma vez por todas colocou a Liga da Justiça no cinema. Não precisou dos componentes do grupo no palco (algo que eu pedi muito), pois o estúdio deixou claro que estava jogando sério neste embate com a Marvel nas telonas. E o mais importante é: com peças próprias, sem copiar nada, e respeitando as suas convicções. A confiança deles, misturada ao êxtase de estar na Comic-Con, me convenceu de que a disputa começou a ficar mais acirrada.

Quando eu deixei o Hall H e o sol forte de San Diego me cegou, fechei os olhos e todos os relances daquele painel foram repassando na minha mente. A era dos quadrinhos nos cinemas teve um dia marcante, cheio de identidade e nenhuma vergonha, assim como uma Comic-Con. Que sorte a minha de estar ali. Ao abrir os olhos, virei para o lado e vi dois rapazes muito empolgados. "Esse vai ser o melhor filme da história", disse um deles com a camisa do Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller. Sabemos que está longe disso, mas como diz um famoso narrador de esportes: amigos, nós temos um jogo. E ele acaba de ganhar contornos épicos.