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Máquinas Mortais impressiona pelo visual, mas desanima ao ser expositivo demais

Primeiros 24 minutos do longa foram exibidos durante a CCXP18; confira as nossas impressões

10.12.2018, às 16H34.
Atualizada em 14.06.2019, ÀS 14H10

A Universal Pictures exibiu na CCXP18 os primeiros 24 minutos de Máquinas Mortais, longa de aventura produzido por Peter Jackson. O começo do filme se ocupa em situar o espectador no universo pós-apocalíptico dos livros de Philip Reeve, no qual as cidades se movem e formam uma cadeia alimentar própria. Dando uma breve explicação sobre os eventos que levaram o mundo a viver em condições tão drásticas, o diretor Christian Rivers logo apresenta uma sequência de ação para ilustrar os perigos desta sociedade. A pequena cidade mineradora de Salzhaken, enferrujada e simples, é obrigada a lutar pela sua “vida” para não ser incorporada por Londres, uma das Cidades Predadoras do Oeste, com gramados verdejantes e um público sedento por combustível e recursos.

Se alguém ainda tinha dúvidas da qualidade estética da produção, a cena acaba com isso de uma vez por todas. A escala da perseguição, a atenção aos detalhes e o ritmo são capazes de dar verossimilhança a uma situação que, convenhamos, seria difícil de comprar. Ao construir a cena, Rivers trabalha as implicações sociais deste embate, evidenciando o contraste entre o desespero dos moradores da cidadezinha e o clima de torcida de futebol da metrópole, orgulhosa de ser “desbravadora”.

Neste clima, Hester Shaw (Hera Hilmar), a protagonista, e Tom Natsworthy (Robert Sheehan) são apresentados. Enquanto ela aparece com uma postura destemida, sem medo de enfrentar o que está pela frente, o jovem é introduzido como um idealista, apaixonado pelas relíquias tecnológicas do museu onde trabalha. Sendo tão diferentes, não é surpresa para ninguém quando o caminho dos dois eventualmente se cruza. Mas, até que isso aconteça, Máquinas Mortais se envereda em uma discussão bastante expositiva sobre o roubo de artefatos bélicos perigosos do museu.

Este é certamente o ponto mais incômodo de toda a sequência. Ainda que insira humor com referências à cultura pop aqui e ali, há uma quebra significativa de cadência para que se dê conta, em poucos minutos, de explicar a Guerra dos 60 Minutos, a relação das pessoas com a tecnologia e o conflito entre as cidades. Quando finalmente o seminário se encerra e Hester e Tom se encontram, a história volta a ganhar substância.

A dupla se aproxima quando, na incorporação de Salzhaken, Hester se choca ao ver Thaddeus Valentine (Hugo Weaving), o comandante da conquista e uma espécie de mentor para Tom. Sem entrar em muitos detalhes, Máquinas Mortais dá pinceladas sobre a origem da desavença entre a garota e o líder militar. Com ares de novela mexicana, a protagonista explicita sua intenção de vingar o que Thaddeus fez com a sua mãe e o ataca, dando início a uma nova perseguição - novamente, impressionante pelo nível de complexidade e originalidade do cenário.

Tom toma as dores do comandante e corre atrás de Hester para garantir que ela seja capturada. Mas, quando menos espera, o personagem percebe que nem tudo é como imaginava e a narrativa dá uma virada, unindo o destino dos dois jovens de vez. O cliffhanger é impactante, sobretudo pela atuação de Weaving, mas a cena perde força pelo dramalhão e a chatice de Tom. Enquanto Hester desperta algum tipo de curiosidade por falar pouquíssimo, o garoto é um pouco cansativo. Talvez a jornada dos dois juntos possa desenvolvê-los de tal forma a igualar a história de Máquinas Mortais à sua qualidade estética.

A adaptação chega aos cinemas brasileiros em 10 de janeiro de 2019.