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Entrevista

Asterix: “Tínhamos que falar sobre a época atual sem mudar a essência”

Diretor de Asterix e o Segredo da Poção Mágica falou sobre os desafios de modernizar um personagem tão icônico

19.09.2019, às 19H20.
Atualizada em 20.09.2019, ÀS 16H36

Asterix e o Segredo da Poção Mágica marca a volta do bravo guerreiro aos cinemas. O filme acompanha a jornada de Panoramix, o druida da aldeia, que parte em busca de um substituto para passar a fórmula da famosa poção mágica que dá força aos gauleses. Ao invés de adaptar uma das várias HQs de Asterix, a nova animação traz uma história inédita. Louis Clichy, cineasta que co-dirige ao lado de Alexandre Astier, revelou em entrevista ao Omelete que a trama inédita despertou na equipe a vontade de atualizar os clássicos personagens para um novo público:

“Sim, tentamos modernizar. Quando você olha as HQs antigas, elas refletem a sociedade da época. Agora estamos mudando um pouco as coisas. Apesar de não podermos mudar tudo, porque a essência deve se manter a mesma, mas agora somos uma sociedade muito mais misturada. Tínhamos de encontrar o equilíbrio certo, fazer valer a pena. Falar sobre a época atual sem mudar o espírito de Asterix.”

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Com liberdade para repaginar essa mitologia, os autores se aproveitaram de pequenas brechas no cânone de Asterix: “Por que esses caras têm a poção? Por que não compartilham com o resto da aldeia? Ou por quê eles não derrotam os Romanos de uma vez? Esses pequenos aspectos dos quadrinhos não são muito claro”. Todos esses questionamentos levaram à criação de Sulfurix, o vilão do filme. Clichy afirma que a inclusão do personagem foi proposital para “nos importarmos com os personagens e não apenas fazermos cenas de piada e comédia. Essa foi uma ideia de termos um ‘Panoramix maligno’ veio de Alexandre Astier. A contraparte do bem teria de ser uma grande ameaça. A ideia funcionou, então o filme foi aprovado.”

O diretor revelou também sutis diferenças em relação ao druida maligno e os outros vilões de Asterix, que geralmente não são muito malignos: “Sulfurix é um cara muito mal. Ele é sarcástico, mas não é idiota e não faz piadas. Queríamos torná-lo sério, tinha de ser uma ameaça”. Curiosamente, foi a presença do antagonista que tornou a animação possível: “Estávamos sentindo falta de um pouco de drama e profundidade nos personagens e seus sentimentos, então foi por isso que tentamos fazer tudo isso de uma forma um tanto clássica. É quase como um filme da Disney, com um cara realmente mau”.

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Panoramix e Sulfurix

Sulfurix não foi o único personagem original no longa, que apresenta também Pectine, uma jovem garota da aldeia gaulesa que foi fortemente inspirada na obra de Albert Uderzo, co-criador de Asterix: “Foi muito legal trabalhar em uma criança. Uderzo amava crianças e colocou muitas delas na aldeia. Tentei copiar seu estilo, mesmo que às vezes fugisse do modelo, o que deu certo graças a computação gráfica."

Louis Clichy e Alexandre Astier já haviam comandado Domínio dos Deuses, outra animação baseada nos gauleses lançada em 2014. De acordo com o diretor, o filme anterior ensinou valiosas lições que a dupla aproveitou em O Segredo da Poção Mágica:

“Em primeiro lugar, tudo acontece mais rápido. Coisas que não poderíamos fazer há quatro anos, conseguimos fazer agora. Uma coisa que quis fazer no primeiro filme foi experimentar, e diria que foi um bom teste. Mas algumas coisas não funcionaram, como trazer algumas coisas mais cartunescas, o que funciona na animação mas não ficou bom na renderização. No segundo filme trabalhei nisso com influências mais realistas nas texturas. Tentamos ficar mais próximos dos desenhos.”

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Por fim, Clichy revelou sua história favorita de Asterix: “Asterix entre os Helvéticos é muito divertido, porque a história é a respeito dos clichês que acontecem na França. É uma história sobre os Romanos bagunçando, sendo rudes. Gosto muito do humor dessa HQ.”

Asterix e o Segredo da Poção Mágica já está em cartaz nos cinemas.