Em uma Hollywood onde a diversidade é sempre um tópico quente, Planeta Estranho é uma produção única a se discutir por esse ângulo. Isso porque, no mundo criado por Nathan W. Pyle para as tirinhas que fazem sucesso na internet e nas livrarias, nenhum dos personagens tem gênero ou etnia definidas.
A série do Apple TV+ mantém isso intacto, o que significa que todos os alienígenas azuis que protagonizam Planeta Estranho usam pronomes neutros (they, em inglês), e são dublados por um time de atores bem “colorido”, que inclui de Hannah Einbinder (Hacks) a Danny Pudi (Community), passando por Lori Tan Chinn (Orange is the New Black) e Tunde Adebimpe (O Casamento de Rachel).
“Nossa prioridade [na escalação do elenco] era ter certeza que as vozes fossem bem distintas uma da outra. Essas pessoas que encontramos não só são ótimos atores, como também têm vozes únicas, com qualidades bem diferentes entre si”, explica Pyle ao Omelete. “Era importante que o público pudesse reconhecê-las imediatamente, visto que os personagens têm visuais bem similares entre si.”
“A única coisa que realmente muda fisicamente entre eles é a idade - bebês e crianças são menores, idosos têm linhas meio 'enrugadas'”, continua. “Tirando isso, eles são visualmente muito similares, então o que os diferencia é sua personalidade. Isso nos coloca em uma posição única para examinar a humanidade de fora para dentro. O nome da série é Planeta Estranho - eles são como nós, com algumas diferenças-chave.”
Apesar do humor que tira dessas tais diferenças, Pyle acredita que é nas proximidades entre os seus alienígenas e nós, humanos, que mora o segredo do sucesso de Planeta Estranho. Quando perguntado sobre como manter o público engajado em uma história que não tem as “situações de vida ou morte” dos filmes de super-heróis e séries épicas que fazem sucesso hoje em dia, ele brinca com o conceito.
“Olha, acho que o público vai se surpreender com o quanto conseguimos encontrar momentos empolgantes mesmo dentro de uma narrativa que se concentra tanto nas emoções humanas”, comenta. “Todo mundo já escreveu em seu diário: 'Nunca vou me esquecer do que aconteceu hoje'. Daí, um ano depois, quando voltamos para ler aquele diário, nos pegamos pensando: 'Eita, o que foi mesmo que aconteceu naquele dia?'”.
“Isso é uma das coisas mais engraçadas da experiência humana para mim. Nós temos muitos altos e baixos, mas quase todos eles são imediatamente anulados conforme o tempo passa”, continua Pyle. “Mesmo que seja só uma manhã em que você derrubou o seu copo de café no chão, o sentimento no momento é que aquilo é sim uma questão de vida ou morte.”
Os três primeiros episódios de Planeta Estranho já estão disponíveis para streaming no Apple TV+. O restante dos capítulos da primeira temporada será lançado semanalmente, sempre às quartas-feiras.