Gary Carr e Chloë Grace Moretz em Periféricos (Reprodução)

Créditos da imagem: Gary Carr e Chloë Grace Moretz em Periféricos (Reprodução)

Séries e TV

Entrevista

Periféricos não vai seguir trama dos livros à risca: “É o ponto de partida”

Lisa Joy, Jonathan Nolan e cia. falam do desafio de adaptar William Gibson

Omelete
4 min de leitura
21.10.2022, às 06H00.
Atualizada em 28.02.2024, ÀS 00H46

Para um dos autores de ficção científica mais influentes da segunda metade do século XX (e que ainda lança best-sellers com frequência), William Gibson foi muito pouco adaptado para o cinema e a TV. Periféricos, nova série do Prime Video, tenta corrigir isso com a história tensa de dois irmãos pobres, no futuro nem tão distante, se envolvendo em uma conspiração que pode definir o destino da humanidade décadas (e séculos) a frente - tudo através de um jogo de realidade virtual, é claro.

A produtora Lisa Joy avisa ao Omelete, no entanto, que puristas de Gibson podem se surpreender com a série. “Nós estamos usando o livro como um ponto de partida, trabalhando meio em paralelo com William Gibson nessa história, e com a bênção dele! Estamos interessados em seguir os personagens deste livro mais adiante, em suas vidas e aventuras”, comenta ela, esclarecendo que adaptar a continuação literária do livro, intitulada Agency e encabeçada por protagonistas diferentes, não está nos planos da equipe.

O diretor Vincenzo Natali, que acumula créditos em séries como Westworld, Hannibal e Orphan Black, adianta também que a primeira temporada de oito episódios de Periféricos não cobre a totalidade do livro de Gibson. “Há muita coisa no livro, e nós só conseguimos colocar 30% dele na tela. Não houve como adaptar tudo em uma única temporada de TV, então ainda precisamos cavar bem fundo nessa mitologia”, diz ele.

Para Joy, Gibson tem se provado resistente a adaptações porque “os futuros que ele imagina são ricos, texturizados, cheios de camadas, e te envolvem completamente neles”. “Com a exceção de um filme animado de [Hayao] Miyazaki, é difícil imaginar algo tão expansivo na tela. A coisa maravilhosa de trabalhar em Periféricos é que temos tempo de explorar cantos diferentes do universo dele”, comenta.

Jonathan Nolan, marido de Joy e parceiro de produção em Westworld e Periféricos, acrescenta: “O trabalho de Gibson resiste à adaptação... A não ser quando é o mundo real ‘adaptando’ os seus livros!  Nós vivemos no mundo dele agora, mas ainda não fomos capazes de ver esse mundo na tela. Acho que parte do desafio é que o trabalho de Gibson é profundo, ricamente imaginado, cheio de detalhes. Como cineasta, você lê um livro como esse e pensa: 'Não sei nem por onde começar!'”.

Humano e tecnológico

Cena de Periféricos (Reprodução)
Cena de Periféricos (Reprodução)

No caso de Periféricos, no entanto, a chave para engajar o público é bem clara: a história de Flynne e Burton é ambientada na década de 2030, em um futuro só ligeiramente deslocado da nossa realidade. “Você consegue enxergar como chegaríamos lá, parece que é o mundo que teremos assim que virarmos a próxima esquina da história humana. É uma oportunidade única começar com esses personagens e, a partir deles, explorar o futuro distante”, comenta Nolan.

A estrela Chloë Grace Moretz realça que Periféricos aborda questões urgentes dos dias atuais, como o acesso a remédios por parte da população mais pobre e preocupações de privacidade na era digital. “Nós tocamos um pouco nos elementos políticos e sociais que William Gibson traz em seu livro, mas imagino que vamos ainda mais longe na segunda temporada”, especula.

Eu acho que essa é uma das coisas divertidas sobre histórias de gênero: ficção científica, terror... Esse tipo de trama permite que você crie um mundo divertido, que as pessoas gostam de assistir, ao mesmo tempo em que você está tentando levantar conversas interessantes e inserir mensagens importantes na história, que as pessoas talvez não quisessem ouvir em outro contexto”, completa.

A outra parte da equação é tecnológica, é claro. Como Lisa Joy define, o mundo “teve tempo de alcançar a imaginação de Gibson” nas últimas décadas. “Filmamos muita coisa de forma prática, no set, mas o trabalho do nosso departamento de efeitos especiais é fundamental para criar mundos que se parecem pelo menos um pouco com aqueles que ele imaginou”, diz a produtora.

Alguns dos acessórios que usamos no set são protótipos ainda não lançados. Aquele tipo de celular que você pode dobrar a tela, que saiu agora... Nós tínhamos eles um ano e meio atrás!”, confidencia Moretz. “Esse tipo de coisa está salpicada por toda a série, o que é muito importante para Jonathan Nolan, em particular. Ele trabalha com muitos futuristas e empresas de tecnologia para descobrir o que pode integrar em suas produções”.

Periféricos estreia com seu primeiro episódio no Prime Video em 21 de outubro. Capítulos subsequentes aparecerão semanalmente na plataforma, às sextas-feiras.

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