Prime Video

Crítica

Invencível injeta carisma e brutalidade em uma tradicional história de herói

Série animada do Amazon Prime Video adapta cultuada HQ de Robert Kirkman

Omelete
4 min de leitura
30.04.2021, às 13H16.
Atualizada em 28.02.2024, ÀS 00H48

Quando pensamos em produções de super-heróis, é fácil imaginar vários elementos que tornaram o gênero tão reconhecível: uma origem fantástica - e às vezes trágica -, um uniforme maneiro, poderes incríveis e um vilão que será vencido com muito custo no fim da história pelo campeão da justiça. Ainda que boa parte das HQs, filmes e séries não consigam fugir dessa estrutura, as mais espertas se destacam justamente por imprimir uma identidade única em um tipo de história que pode ser tão previsível. Este é o caso de Invencível, animação que chegou em busca de um espaço no panteão de grandes produções do gênero.

A série do Amazon Prime Video conta a história de Mark Grayson, filho adolescente do maior herói da Terra, que começa a descobrir seus poderes. Decidido a seguir os passos de seu pai, o Omni-Man, o rapaz decide usar suas novas habilidades para salvar o mundo como o herói Invencível.

Com um início focado na tradicional origem do herói, a série faz questão de se parecer com outras produções. Não por mera coincidência ou reverência vazia, mas para ambientar o público a esse novo universo pela familiaridade. Consciente de quais histórias já entraram no cânone do fã de heróis, a série presta singelos tributos, reconhecendo o espectador como um igual, e o convida a conhecer mais essa história - contada por alguém que leu e assistiu às mesmas coisas que você.

Tomando um caminho convencional, a produção se esforça para criar uma rede de segurança que é propositalmente rasgada ao final do primeiro episódio, quando há uma ruptura que muda o panorama das coisas. A partir daí, as homenagens deixam de ser o foco e a animação mostra a que veio, investindo em uma mitologia própria e narrativas que engajam de formas diferentes.

Adaptação da HQ de Robert Kirkman, criador de The Walking Dead, Invencível deixa o caráter episódico da obra original de lado e une suas diferentes tramas em um grande emaranhado de causa e consequência. Usando o herói-título como fio condutor, a série apresenta invasões alienígenas, ciborgues assassinos, super-equipes, agências governamentais e até uma investigação policial em um universo vivo que se conecta de maneira orgânica e cativante.

É muito curioso como a produção apresenta Mark como uma espécie de “Homem-Aranha com poderes do Superman” para dar a ele uma jornada que ecoa muito desses dois heróis, sem nunca parecer escorado no que veio antes. Apesar de passar por dilemas similares - escola, namorada, esconder a dupla identidade, etc. - sua construção é esperta o bastante para que essa semelhança fique em uma camada superficial.

Outra jogada esperta de Invencível foi apostar na violência para atrair parte da audiência que certamente está cansada de heróis “limpinhos”. Com a certeza de que isso dá certo após o sucesso de The Boys, a produção entrega um gore que serve à história. Os momentos mais brutais e chocantes estão ali com um propósito que vai além da violência catártica da ficção. Especialmente porque em comparação à sua “irmã” de streaming, Invencível não é cínica ou iconoclasta e trata heróis com admiração e não o desprezo de Billy Bruto e companhia.

É uma pena que a parte técnica da animação não acompanhe o brilho do roteiro. O estilo da produção é inconsistente em seus oito episódios, com um claro foco na parte da ação. Se a porradaria é de fato caprichada e tem um nível maior de refinamento, o restante sofre de uma falta de polimento visível. Desde a movimentação esquisita de personagens, passando pela reutilização de figuras para preencher cenário e até objetos em 3D que muitas vezes destoam da cena, os tropeços da animação ficam evidentes.

Aliás, a inconsistência fica gritante exatamente por conta de como a animação faz bonito nas cenas de ação. Empolgantes e, por vezes, perturbadoras, as lutas e façanhas dos heróis fazem ótimo uso do cenário e das habilidades dos personagens. É uma pena, porque o lado cotidiano da vida de Mark também é tratado com prioridade pelo texto, que investe tempo precioso em mostrar como uma pessoa super-poderosa lida com as pressões e incertezas do início da vida adulta.

Com as temporadas 2 e 3 já confirmadas, Invencível tem tudo para se tornar uma das mais importantes produções de heróis em uma era dominada por eles. Com respeito pelo passado e ousadia para criar novos elementos, a animação uniu o melhor dos dois mundos ao equilibrar o idealismo dos clássicos e a sanguinolência moderna.

Nota do Crítico
Ótimo
Invencível
Em andamento (2020- )
Invencível
Em andamento (2020- )

Criado por: Robert Kirkman

Duração: 2 temporadas

Onde assistir:
Oferecido por

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