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Omelete recomenda: Filmes-família

Omelete recomenda: Filmes-família

10.05.2006, às 00H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H23

A lula e a baleia



A era do gelo 2

Tempo de recomeçar

O mesmo amor, a mesma chuva

Cassino Royale

Jejum de amor

Jalla! Jalla!

A viagem de Chihiro

A lenda

Casamento à indiana

Cuidado que o prato está quente... A nova seção do site não tem a ambição de ser uma Omelista, indiscutível e definitiva. Está mais para um guia de consumo, em eterna e descompromissada construção. Elencamos abaixo filmes que, na modesta opinião do Omelete, se encaixam bem em gêneros particulares, são fáceis de achar em DVD ou ainda estão em cartaz nos cinemas.

Para começar, algumas dicas de filmes-família - no caso, não apenas histórias que juntam pai, filho, cunhado e o cachorro do vizinho. A idéia é pegar aquelas comédias assistíveis num domingo depois do almoço (mas que não causam indigestão nem menosprezam a nossa inteligência) ou então aquele drama ameno que embala todo mundo no sábado à noite, movido a pizza, sofá e coberta. Se o cinema estiver oferecendo uma boa pedida, entra nas nossas dicas também. Pode confiar, que o Omelete Recomenda.

*****

A Lula e a Baleia
(The Squid and the Whale , de Noah Baumbach, 2005)

Bernard Berkman (Jeff Daniels) acredita que a literatura nos ensina a viver. Professor universitário e escritor que já teve dias melhores, ele criou no filho mais velho, Walt (Jesse Eisenberg), essa idéia de que os não-intelectuais não merecem consideração. Walt tropeça no complexo edipiano de superar o pai. Na faculdade, para impressionar as garotas, cita obras que não leu. Arruma uma namorada que não ama. Em um concurso musical, toca uma música do Pink Floyd como se fosse sua. Habitaria eternamente esse auto-engano se não fosse um terrível baque, que o atira na vida real: a separação dos pais.

Não é preciso tirar nenhum sentido da metáfora marinha do título para regozijar-se com o filme de Noah Baumbach. O que ele nos ensina, com um misto de estilo e emoção, é que experiência de vida não se herda. Talvez seja por isso que o filme exale frescor, novidade: no meio cinematográfico em que tantos se colocam acima dos personagens, donos da verdade, Baumbach tem a humildade de expor-se, de arriscar um caminho fora da cartilha, de humanizar seus personagens sem rir dos defeitos deles. Sem conhecê-lo, dá até pra dizer que o diretor se tornou uma pessoa melhor depois de fazer A lula e a baleia, como Walt também deve ter crescido depois da separação dos pais.

Crítica | Trailer

A Era do Gelo 2

(Ice Age: The Meltdown, de Carlos Saldanha, 2006)

Não é novidade para ninguém que os melhores produtos saídos de Hollywood hoje são as animações. Também não deve ser surpresa dizer que desenho não é mais coisa apenas de criança. Co-diretor do primeiro filme, o brasileiro Carlos Saldanha assume sozinho a continuação e faz bonito na hora de oferecer entretenimento de qualidade para os pequenos e os crescidos, sem desvirtuar as idéias do original e ainda inventando novas piadas, capazes de renovar a experiência no gelo.

Na história, continuam as aventuras do estranho bando formado pelo tigre dentes-de-sabre Diego, o mamute Manny e a preguiça Sid. Desta vez, o mundo em que vivem está ameaçado por mudanças climáticas, especialmente o degelo do título, e os amigos defrontam-se com uma possibilidade dramática: a extinção. Manfred é o mais atingido, pois acredita ser o último mamute lanudo sobre a Terra. Enquanto isso, o persistente esquilo Scrat continua sua luta diária por nozes...

Crítica | Trailer

Tempo de recomeçar
(Life as a house, de Irwin Winkler, 2001)

O filme que deu a Hayden Christensen (o Anakin Skywalker dos Episódios II e III de Star Wars) sua primeira e, por enquanto, única indicação ao Globo de Ouro é daquele tipo que ensina pais e filhos a conviverem melhor. Kevin Kline está bastante seguro no papel de George Monroe, arquiteto que descobre que tem pouco tempo de vida. Para tirar o atraso ele decide, finalmente, construir a casa de seus sonhos, numa colina de tirar o fôlego diante da paisagem. Para isto, conta com a ajuda da ex-mulher Robin (Kristin Scott Thomas) e do seu filho Sam (Christensen), um moleque petulante, rebelde e, claro, carente.

Pela premissa, a história parece ser a maior choradeira, mas o fato é que o diretor Irwin Winkler sabe dosar muito bem a pieguice com uma certa propensão à comédia de costumes, inclusive com comentários sociais à la Beleza Americana. O resultado é equilibradíssimo, despretensioso e, principalmente, bastante honesto.

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O mesmo amor, a mesma chuva
(El mismo amor, la misma lluvia, de Juan José Campanella, 1999)

Chegou às locadoras brasileiras, sem chamar muita atenção, o filme argentino que o diretor Juan José Campanella e o astro Ricardo Darín realizaram juntos antes do sucesso de O filho da noiva. Vale perceber como as bases da fórmula - inclusive do filme mais recente da dupla, Clube da Lua - já estavam fincadas desde 1999. Uma história de amor aparentemente banal, entre pessoas comuns, tendo como pano de fundo as grandes mudanças da sociedade bonaerense, essa é a receita.

Darín interpreta Jorge, escritor de contos de amor em uma revista descartável. Sua vida muda quando ele encontra a pintora Laura (Soledad Villamil, de Não é você, sou eu). Muda também o cenário - entre 1980 e 2000, o país pela Guerra das Malvinas, pela redemocratização, sobrevive à ilusão do ex-presidente Raul Alfonsín e embarca no turbilhão menemista. Sem exagerar no discurso politizado, mais uma vez Campanella emociona com sua fluidez e agrada aos espectadores mais exigentes.

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Cassino Royale
(Casino Royale, de John Huston, Robert Parrish, Val Guest e outros, 1967)

Por que esperar até janeiro de 2007 pelo vigésimo primeiro 007 quando se pode ter o original às mãos? E ainda interpretado por Peter Sellers! Originalmente, Cassino Royale é o livro de espionagem em que Ian Fleming dá vida, pela primeira vez, ao seu agente secreto inglês. Isso foi em 1953. A série já era um sucesso com Sean Connery à frente quando, em 1967, a Columbia Pictures deu corda para uma sátira de James Bond. Dirigido, entre outros, pelo mestre John Huston, esse Cassino Royale não é computado na série clássica, mas vale dar uma espiada.

Na trama, Sir James Bond (David Niven) é o galante e infalível agente da velha escola que acaba convocado de volta ao Serviço Secreto quando M é morta - e o mundo está à beira do colapso. Para confundir seus inimigos, entre uma partida e outra de bacará com o vilanesco Le Chiffre (Orson Welles), vários outros agentes se anunciam como sendo James Bond. Entre eles está o citado Sellers e até um jovem Woody Allen! A lista de participações especiais ainda inclui William Holden, Jean-Paul Belmondo, Peter OToole... Com tantas atrações, mesmo se a qualidade do filme for mínima a sessão terá valido a pena.

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Jejum de amor
(His girl friday, de Howard Hawks, 1940)

Comédia inteligente, dinâmica e charmosa como as de Howard Hawks estão em falta hoje em dia. Por isso, não custa deixar de lado o preconceito com "velhos" filmes em preto-e-branco e dar uma chance a Jejum de amor. Verdadeira metralhadora giratória de diálogos afiados, o roteiro joga com a clássica guerra dos sexos, flerta com a comédia física sem cair no pastelão e ainda insinua, aqui e ali, algumas piadas de teor cultural que os mais antenados certamente captarão.

Cary Grant é Walter Burns, editor de um grande jornal que está prestes a perder duas mulheres de uma só vez. É que sua ex-esposa, Hildy Johnson (Rosalind Russell), se casará no dia seguinte com um vendedor de seguros e deixará o trabalho de repórter no jornal de Walter. Claro que ele não deixará isso acontecer - não apenas pelo seu brio de homem como também pela certeza de que uma jornalista como Hildy não se acha todo dia. O problema é que os caminhos que o teimoso e machão Walter encontra para praticar seu plano são os mais mirabolantes...

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Jalla! Jalla!
(de Josef Fares, 2000)

Este se encaixa na categoria do domingo à tarde, mas dificilmente você o sintonizará na televisão. Trata-se de uma comédia sueca, descoberta no Brasil entre as incontáveis garimpagens da Mostra de Cinema de São Paulo. Para quem acha que Casamento Grego é uma ótima história cômica sobre choque de culturas matrimoniais, Jalla! Jalla! pode ser uma surpresa muito mais gratificante.

Na história, um jovem árabe, imigrante na Suécia, precisa escolher entre namorar uma garota sueca ou se casar com uma libanesa e seguir as tradições familiares. A graça está não apenas no seu dilema, mas no leque variado de coadjuvantes que atravessam o seu caminho - desde o tio barrigudo que resolve brigas de rua ao seu modo até o amigo sueco que tenta de tudo para satisfazer sexualmente sua mulher. Inteligentes tiradas sobre a vida dos imigrantes árabes na Europa completam o pacote - burlesco na aparência mas bastante esperto nas entrelinhas.

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A viagem de Chihiro
(Sen to Chihiro no kamikakushi, de Hayao Miyazaki, 2001)

O filme começa com Chihiro, uma menina mimada e medrosa, viajando com seus pais para uma casa nova. A família pega o caminho errado e vai parar na entrada de um misterioso túnel. Quando atravessam, um mundo novo surge. Um mundo que primeiro promete fartura, mas logo se revela cheio de armadilhas, espíritos e regras próprias. Os pais de Chihiro são transformados em porcos. A menina acaba parando em uma casa de banhos. Entre bruxas e dragões, a história se desenrola enquanto a menina tenta recuperar a verdadeira forma de seus pais.

A antologia do mestre da animação japonesa Hayao Miyazaki era ignorada pelos cinemas brasileiros até o dia em que A viagem de Chihiro levou o Urso de Ouro do Festival de Cinema de Berlim. O mundo inteiro parou para prestar atenção no misto de fantasia, humor, espanto e emoção que colecionava prêmios - e chegou inclusive a levar o Oscar de melhor longa-metragem animado. Assistir ao filme em família é uma maneira de dividir o encantamento diante de desenhos-de-fundo impecáveis, personagens curiosíssimos e uma história fabular das mais tocantes.

Crítica l Trailer

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A lenda
(Legend, de Ridley Scott, 1985)

A nova onda dos filmes de fantasia não é novidade para quem foi criança nos anos 80. Um dos melhores filmes do gênero a marcarem a Sessão da tarde era A lenda - produção que marcou a carreira de dois astros ascendentes, o ator Tom Cruise e o diretor Ridley Scott. O primeiro comparece com seu carisma, e basta. O segundo oferece o requinte visual e o esmero com detalhes de efeitos especiais e de maquiagens (indicada ao Oscar). É o impacto das imagens - impossível esquecer a cena em que o Senhor das Trevas (Tim Curry) sai de dentro do espelho - que sobressai, acima do convencionalismo da fábula.

Nela, Cruise vive Jack, um morador de uma floresta mágica habitada por fadas, elfos, unicórnios e mortais. Encantado pela Princesa Lily (Mia Sara), ele acaba marcado pelo destino quando ela é raptada. O Mal é incorporado pelo já citado vilão, uma espécie de minotauro vermelho-pimentão com dois dos chifres mais sinuosos e robustos da história do cinema. Se Jack não derrotá-lo e salvar a princesa, o mundo se cobrirá numa eterna era de gelo. Na época da estréia, a resposta fria da bilheteria não foi suficiente para aplacar o enorme investimento da Fox e da Universal. O tempo, porém, colocou o filme no despretensioso posto que lhe cabe: o de um nostálgico divertimento numa tarde sem compromissos.

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Um casamento à indiana
(Monsoon wedding, de Mira Nair, 2001)

Meio termo entre os musicais industrializados de Bollywood e os dramas cheios de simbolismo de cineastas como Buddhadev Dasgupta, o cinema da indiana Mira Nair caiu no gosto do público mundial. A fórmula: equilibrar bem o exotismo indiano, tipo exportação, e a preocupação com as questões sociais da rígida sociedade do país. Muita gente reclama que Casamento à indiana é como último capítulo de novela das oito, com suas festas que conformam todos os conflitos. Não é bem assim - mesmo porque os conflitos comportamentais lá são muito mais agudos que os daqui.

Em especial a questão dos matrimônios arranjados. Aditi acaba de sair de um relacionamento fracassado - daí a correria com que sua família organiza o novo casamento de Aditi, agora com um engenheiro do Texas. Enquanto isso, os pais da noiva têm mais preocupações, como a aproximação de seu filho, Dubby, com a empregada da família. No fundo, é o choque entre os mais velhos e os jovens, entre a tradição e a modernidade, que conduz a trama. Com direito a muita música, cores e danças, claro.

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