Exclusivo do PlayStation 3, Killzone 2 sofreu sérias críticas quando à jogabilidade e parecia um tanto atrasado, já que a série concorrente Halo, do Xbox 360, já dominava o terreno do “game de tiro de invasão alienígena” da nova geração com louvor. A Guerrilla Games, porém, ouviu as críticas e entregou em Killzone 3 um produto bem superior em termos de precisão, jogabilidade e, especialmente, competitividade, um elemento importantíssimo hoje em dia.

O multiplayer, afinal, é o grande diferencial do novo game. Um sistema robusto de jogo, em que classes de personagens conseguem progredir com igualdade foi apresentado. Os modos de jogo também ganharam variações, com objetivos que mudam durante partidas e o bacana “Operations Mode”, em que jogadores melhor colocados no ranking aparecem em “cut scenes”. Aos jogadores menos experientes, que caem nos servidores repletos de pessoas já experimentadas, que jogaram versões alfa e beta do game, existe também o alento de um modo completo de treinamento, o Botzone, que permite que sejam estudados os mapas e estratégias antes de sair para ser assassinado 200 vezes nas mãos de veteranos. A novidade merece alarde.

Killzone 3

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A campanha para um jogador, porém, ainda que tenha variado em cenários (Helghan parece muito mais alienígena e tem uma paleta mais bonita de cores), nada traz de inovação para o gênero. A trama começa no ponto em que o game anterior parou, com o ditador Visari morto aos pés dos soldados Sev e Rico. A morte deixou um abismo político, que será preenchido em uma teia de esquemas e assassinatos enquanto Phyruss, a capital dos Helghast, arde. Presos no planeta e sem reforços, os membros restantes das Forças Especiais terão que lutar contra a implacável máquina de guerra Helghast sozinhos.

Os desenvolvedores até buscaram contar essa história de maneira diferente, não-linear, mas ela simplesmente não funciona (começar 6 meses no futuro para ter que jogar de novo a mesma fase no meio do game é apenas um tutorial estúpido - que poderia ser dispensado). Além disso, as sequências animadas tendem a assumir o controle no melhor momento da ação, outra ideia comum e lamentável em games que acreditam que contar uma história significa parar o jogo e tocar um vídeo. Pior ainda quando a história é cheia de clichês, como soldados questionando o comando, o infame “ninguém fica pra trás” e outras patriotadas do gênero. Pra piorar, o game cooperativo inexplicavemente não tem modo online, apenas em tela dividida.

É mesmo nas batalhas maciças e brutais que Killzone 3 agrada - e muito. Ainda que tenha uns poucos bugs aqui e ali (duas vezes fiquei preso no mapa ao buscar rotas alternativas e mais de uma vez não consegui que tiros passassem buracos em paredes destruídas), a experiência de combate em larga escala é extremamente empolgante. Especialmente quando entram em ação os jatos portáteis ou chefes de fase como o gigantesco andador helghast (a melhor e mais épica sequência do game), quando o armamento pesado vira ordem e a munição é farta. Design, sonoplastia, qualidade gráfica, desenho dos mapas e as animações de aliados e inimigos são de primeira, apesar da história desconjuntada (felizmente você não é obrigado a assisti-la).

Os breves segmentos a bordo de veículos também ajudam a manter a experiência motivante. Cuidar das metralhadoras nos jatos e jipes é especialmente satisfatório se você está usando um PS Move, já que nessas partes o jogo funciona sobre trilhos e existe uma variação interessante de objetivo. O exoesqueleto e seus foguetes é igualmente interessante, mas poderia aparecer mais vezes no decorrer da história.

Se você é o feliz proprietário de uma televisão com suporte ao 3-D estereoscópico, Killzone 3 é um dos games que melhor resolvem tal tecnologia. A mira e a profundidade de campo do cenário destacam-se bastante e a experiência de imersão é garantida. Quanto ao controle sensível a movimentos PS Move, citado acima, o nível de ajustes possíveis é enorme - tornando-o extremamente preciso - a não ser nos “reloads”, quando um giro de pulso é necessário, fazendo com que você perca momentaneamente o controle da arma. Mas por ser um pouco cansativo mantê-lo apontado para a tela (em determinado momento havia uma pilha de almofadas sob o meu braço), joguei metade do game com o controle normal.

A versão brasileira do game tem entre as opções de idioma o português, em dublagem brasileira ou de portugal. Infelizmente, a Sony, como a Microsoft em Halo: Reach, entregou o trabalho a dubladores que não representam o melhor de nosso mercado. Vozes nitidamente forçadas e atuações nada convincentes me forçaram a reiniciar o game para trocar o áudio para o original em inglês - que tem entre seus talentos Ray Winstone (A Lenda de Beowulf) e Malcolm McDowell (o eterno Alex DeLarge de Laranja Mecânica). Os menus e legendas, porém, estão perfeitos.

Enfim, para alguém que sempre defende os games como excelente meio para se contar histórias, me sinto mal em dizer isso, mas pule as animações e vá direto à diversão. O multiplayer caprichado - em que história simplesmente não importa - faz a diferença e explodir aqueles olhinhos vermelhos dos helghasts nunca foi tão divertido e diversificado.

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Nota do crítico