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Entrevista

A Estrada: Omelete Entrevista Viggo Mortensen

Ator fala do seu relacionamento com o menino Kody Smit-McPhee, que interpreta seu filho no filme

23.04.2010, às 23H14.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H01

Embora tenha ganhado notoriedade em O Sehor dos Aneis, Viggo Mortensen já estava andando por Hollywood há muito tempo. E durante o último Festival Internacional de Cinema de Toronto, o nosso correspondente em Los Angeles, Steve Weintraub, do site parceiro Collider, conversou com o ator sobre os rumores de sua aposentadoria, a relação com o menino que interpreta seu filme e outras vertentes artísticas que ele explora.

Confira abaixo, no YouTube, ou leia a transcrição feita pela Carina Toledo:

Nota do Editor: A música que toca ao fundo é, na verdade, "Sweet Cycle", de Tito & Tarantula, do disco Tarantism, de 1997.

Como você está hoje?

Viggo Mortensen: Estou bem, estou bem. Estou sentindo falta do meu companheiro, mas ele já volta. Kodi Smit-McPhee, o garoto no filme que interpreta meu filho e que é extraordinário.

Vamos então falar sobre a sua relação com ele atrás das câmeras. Obviamente você é um veterano no cinema. E mesmo ele tendo feito, ele não fez tantos quanto você. Como foi a relação de trabalho, como vocês se prepararam juntos para esse papel?

Bom, ele é incrivelmente autossuficiente e bem-preparado na hora de trabalhar. Quando eu estava fazendo algumas das cenas emocionais mais difíceis e trabalhando em condições climáticas ruins com ele, fiquei impressionado como ele ficava calmo e concentrado no trabalho. E ele é um ótimo garoto, nos divertimos muito, ele é meio brincalhão, o que manteve a equipe e o elenco dando risada. Tivemos uns dias difíceis, então isso foi necessário. Ele é ótimo de se trabalhar e tivemos muita sorte de tê-lo porque, se você conhece esse livro, se o garoto não for incrível, então não existe filme. Não importa quão bem você filme, não importa o meu esforço ou de qualquer outra pessoa. O garoto tem que ser ótimo, e ele é.

O material é meio perturbador. Isso te anima como ator, ou ainda é algo que te deixa meio nervoso quando está se preparando para um papel?

Ah, sim. E se eu não ficar, tem alguma coisa errada. Mas eu sempre fico. O meu desafio para este filme não era tanto... Bom, eu fiz toda a pesquisa possível para me preparar, mas não muito. Tem que ir no instinto, vai dar certo ou não baseado na relação com a criança. E os outros personagens foram interpretados super bem. Charlize Theron, Robert Duvall, Michael Williams, Guy Pearce, esse pessoal. Eles vieram, trabalharam um dia ou dois e fizeram um ótimo trabalho. Mas a maior parte do tempo era eu e Cody, nessa paisagem devastada, tentando encontrar uma maneira de sobreviver. Tentando manter viva uma certa compaixão, manter uma decência humana, apesar de tudo. E se isso não funciona, o filme não funciona. E o desafio era esse, você precisa entrar nessa viagem emocional. Eu nunca tinha interpretado um papel onde meu personagem, ou dois personagens, tinham que viver constantemente aquele medo. Aquele pequeno estresse em todos os momentos. Mas isso só ressaltou a afeição que os personagens sentem um pelo outro, é muito bonito.

Com certeza. Como é a dinâmica no set, entre as cenas? Quando você está lidando com esse tipo de material e é sombrio, você está em locação, dá para relaxar no set?

Sabe, tivemos uma certa dose de humor negro. Acho que as pessoas em tempos de guerra, ou de desastres naturais, precisam rir de vez em quando. E Cody é meio brincalhão, apesar dele ter esse grande trabalho como ator, ele sabe se divertir e manter a situação mais leve. Isso foi importante, brincamos bastante. Quando penso em quantas vezes nós ficamos de brincadeira, me surpreendo que realmente conseguimos gravar o filme. Mas isso foi bom, foi importante manter o clima leve, às vezes.

Eu tenho que encerrar com você, mas estão falando muito que você está - eu não queria dizer "se aposentando" - mas diminuindo seu trabalho de ator. Você vai continuar?

Eu não tenho planos de parar, apesar do que muitas pessoas na mídia falam. Eu não sei por que, eles devem estar entendiados no momento. Mas, sabe, eu tenho muitos outros interesses. Sou editor, tenho uma editora. E tenho outros interesses. Tenho uma família. Mas eu gosto de atuar. Quer dizer, considero esta profissão muito afortunada. Poder ganhar dinheiro e contar histórias como essa, é um grande privilégio.

Eu tenho que perguntar, você também fotografa, soube que você fez uma exposição na Islândia?

Sim, tive uma exposição lá, outra na Dinamarca recentemente e... É, essas foram minhas duas últimas.

Eu tenho que encerrar, mas parabéns pelas exposições. Eu estava mesmo curioso sobre os  outros empreendimentos artísticos em que você estava trabahando.

Tenho uma editora chamada Percival Press. Você pode procurar no percivalpress.com. Nós publicamos todo tipo de livros, de vez em quando algum meu. E temos alguns livros muito legais que estão saindo agora. Tenho um novo que é um livro de poesias em espanhol, com traduções para inglês.

Muito obrigada e, sério mesmo, é uma honra te conhecer.

Obrigado.

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