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Tungstênio | "Se houver cada vez mais adaptações de HQs quem ganha é o cinema", diz Heitor Dhalia

Filme é baseado na obra de Marcello Quintanilha

22.06.2018, às 12H32.
Atualizada em 13.09.2018, ÀS 08H36

Hollywood passou a encontrar nos quadrinhos histórias tão boas que virou comum adaptações para as telonas. Nos EUA, os filmes baseados em heróis viraram um gênero importante e cada vez mais HQs de diferentes estilos chegam aos cinemas. Agora, o Brasil começou a descobrir sua indústria de quadrinhos e nos próximos meses teremos três adaptações: Doutrinador (setembro), Turma da Mônica (dezembro) e Tungstênio, longa de Heitor Dhalia baseado na obra de Marcello Quintanilha que estreou nessa semana no país.  

Divulgação/Tungstênio

O mérito não é nenhum dos cinemas, é todo dos quadrinhos. Marcelo é um dos maiores quadrinistas brasileiros da atualidade, premiado com frequência na Europa. Ao mesmo tempo, outros quadrinistas estão criando um trabalho nacional fantástico, sendo que uma das cenas mais importantes do Brasil talvez seja o quadrinho – que é muito reconhecido lá fora. Se houver cada vez mais adaptações, isso é um benefício para cinema por méritos dos quadrinhos e não o contrário”, afirmou Dalia em entrevista exclusiva ao Omelete.

Assim como a HQ, o filme apresenta quatro personagens: um policial, sua esposa, um pequeno traficante, além de um ex-sargento do exército. Cada um passa por uma busca desenfreada por escolher os caminhos que lhes pareçam mais corretos, com os personagens inevitavelmente enfrentaram conflitos pessoais diante da impossibilidade de seguir à risca suas escolhas racionais.

Há alguns anos cineastas tentam adaptar o trabalho de Quintanilha, porém nenhum cineasta agradava o quadrinista. Isso até conhecer Dhalia, cineasta conhecido por filmes como Serra Pelada e O Cheiro do Ralo. “Me senti muito à vontade com a maneira como começamos a conversar. Foi muito rápido e ágil”, explicou o quadrinista, que elogiou a preocupação do diretor em adaptar sua história da melhor maneira possível. Porém, quem conhece o quadrinho, rapidamente verá um detalhe diferente da publicação: cor.

“Eu pensei muito em deixar em preto e branco, chegamos a fazer testes que ficaram interessantes e, se fizéssemos, seria um outro filme, talvez mais neorrealista. Contudo, achamos que o filme também cresce com as cores da Bahia, de Salvador”, justificou Dhalia. Sua preocupação, também, envolvia o fato de um filme em PB ser reduzido a um circuito menor. “Esse filme foi produzido pela Globo e para Globo, então depois deve ir para televisão, onde há uma audiência em massa e não sei se o PB seria bem-vindo. Foi um alvo de muito debate e reflexão”, completou.

A mudança foi aprovada por Quintanilha, que viu no diretor e em seu elenco um trabalho pesado para adaptar a história para as telonas. “Acho fascinante a maneira como eles se apropriaram dos personagens, como eles conheceram, mergulharam nessas novas pessoas. Isso sem falar da maneira de como eles encontraram coisas de sua própria vida que somaram aos personagens”, explicou. Essa ideia de “dividir” experiências pessoais era um dos planos de Dhalia, que trabalhou em seu processo maneiras de descobrir como a realidade ficcional e real podiam se misturar.

O Wesley [Guimarães, que faz o Caju] vem de uma comunidade de Salvador. Ele vem da realidade do Caju desde pequeno. A Samira [Carvalho, que faz a Keira] é uma atriz negra que era modelo e viveu e vive questões de preconceito. Então, tudo que esses atores passam é similar aos personagens, mas de uma outra maneira”, diz Dhalia.

Todo esse processo envolveu muita sinergia entre o diretor e o quadrinista, que trabalharam juntos para fazer uma adaptação fiel aos quadrinhos. Esse é apenas um dos exemplos dos quadrinhos nacionais no cinema e, este ano, pode ser um ponto de virada para as HQs. “Acho [que mais adaptações] são uma possibilidade grande. Por que não?”, finaliza Quintanilha.

O filme está em cartaz no Brasil.

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