Desde os anos 1960, com a explosão da saudosa série televisiva protagonizada por Adam West, a Batmania foi consolidada na cultura pop. Com inúmeros filmes, desenhos animados e até um musical, o Homem-Morcego tem um vasto leque de produções com seu nome. A mais nova delas a chegar ao Brasil é o mangá Batman e A Liga da Justiça.
Com roteiro e arte de Shiori Teshirogi, o mangá foi lançado em julho de 2017 no Japão, meses antes da estreia do filme Liga da Justiça, com o intuito de popularizar os personagens no país. O enredo tem início com a chegada de Rui Aramiya em Gotham, um rapaz japonês que vai à cidade para investigar o misterioso desaparecimento de seus pais. Sua busca acaba cruzando o caminho de Batman, que está no rastro do Coringa. Quando o palhaço do crime e outros vilões começam a surgir, Batman deve recorrer aos seus colegas na Liga da Justiça.
Shiori Teshirogi é conhecida pela autoria de Cavaleiros do Zodíaco - The Lost Canvas, um mangá que aproveita a mitologia já estabelecida na franquia para criar uma nova história, estrutura também utilizada em Batman e a Liga da Justiça. A trama estabelece uma narrativa ágil para apresentar heróis e vilões do Universo DC a um novo público, mas tem liberdade de trilhar um caminho próprio, sem perder a intensidade de uma história de ação.
Por se tratar de um mangá, um leitor de quadrinhos pode estranhar a dinâmica da série. O tipo de perigo enfrentado pela Liga e a interação entre os personagens é diferente da vista nas HQs, o que não chega a ser um problema dentro da proposta. A presença do garoto Rui garante que a cultura oriental esteja presente de forma legítima, fugindo da armadilha dos clichês. A trama escorrega apenas pelo ritmo por vezes exageradamente acelerado e pelas saídas fáceis na hora de criar ligações convenientes.
Com liberdade para dar vida à sua própria visão da equipe, a autora cria uma Liga da Justiça com um visual próximo aos quadrinhos, mas com uma impressionante assinatura própria. A arte de Teshirogi é deslumbrante e equilibra a ação dos quadrinhos americanos com a estrutura dramática dos mangás. O destaque na força dos heróis em cenas de páginas inteiras e a composição de cenários com riqueza em detalhes mostram que, no extenso multiverso da DC, uma versão em mangá é mais que bem-vinda.
O mangá está em publicação pela Editora Panini, que trouxe a série ao Brasil antes mesmo de chegar nos Estados Unidos.