Avengers 09 | Primeiras Impressões

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Avengers 09 | Primeiras Impressões

Mangá não economiza no quesito choque, mas história é excessivamente explicativa

02.07.2018, às 18H35.
Atualizada em 02.07.2018, ÀS 19H02

A ficção imagina conceitos absurdos como alegorias do mundo real. Death Note e Akira são exemplos de títulos que utilizam desse recurso, assim como Avengers 09. Porém, nem a curiosa premissa compensa os problemas narrativos. O mangá é escrito por Seishi Kishimoto, irmão gêmeo de Masashi Kishimoto, autor de Naruto, e apesar de comparações entre os dois serem uma constante entre os fãs, Avengers 09 contém uma série de diferenças entre os autores.

Para diminuir a violência é colocada em prática a "lei da vingança", uma pena de morte que condena o criminoso a morrer exatamente da mesma forma que sua vítima. Para realizar as vinganças o governo tem um esquadrão especial, com profissionais chamados Avengers, que devem executar seus alvos sem sofrer qualquer retaliação. Caso algum dos “vingadores” seja morto durante o cumprimento de seu dever, o criminoso ganha 3 anos de anistia e será executado por injeção letal ao fim deste período. O protagonista do mangá é Yuuji Yamagashi, um Avenger que deve treinar novos recrutas para a organização.

Os primeiros capítulos desenvolvem Yuuji, o Avenger de passado misterioso e trágico que simpatiza com a família das vítimas, ao mesmo tempo em que explicam a abrangência da "lei da vingança", desde a aprovação até a execução. A história gira em torno desse tema delicado, afinal debater a eficácia das leis e o direito de fazer justiça com as próprias mãos engloba as mais diversas opiniões. Trazer esse tipo de discussão para uma obra pode ser um grande aliado, como no caso do já citado Death Note, desde que não fique apenas no conceito.

O mangá não economiza no quesito choque. Os crimes são mostrados de forma detalhada, focando especialmente no sofrimento dos familiares das vítimas. Esses momentos explicam a classificação etária, mas Kishimoto esquece que seu público-alvo é adulto e narra o resto da história de forma excessivamente explicativa. Não há espaço para sutilezas na narrativa, que resolve pequenos enigmas em questão de páginas, sem dar espaço para que o leitor investigue e chegue a conclusões por conta própria. É um desequilíbrio que acaba por confundir, cobrando maturidade em um momento e entregando ingenuidade no outro.

O ponto forte da trama é apontar as mais diferentes situações em que a execução da lei pode não ser tão simples quanto parece. Incoerência na escolha da penalização, casos que envolvem gente inocente, julgamentos equivocados pelas mais diversas circunstâncias buscam exatamente o tipo de reflexão proposta pela premissa. A arte também encanta por sua simplicidade e dinamismo. Mesmo que utilize os mesmos cenários, afinal as vinganças são sempre executadas no mesmo local, o design é caprichado. Há clareza nos movimentos, seja nos momentos cotidianos do herói ou nas sequências mais violentas.

Em cinco volumes, Avengers 09 é o primeiro título de Seishi Kishimoto a ser publicado no Brasil (pela Editora Panini) e tem o bastante para intrigar o público, mesmo que o substime em muitos momentos.

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