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As Histórias em Quadrinhos e seus gêneros - Parte 3

As Histórias em Quadrinhos e seus gêneros - Parte 3

19.07.2001, às 00H00.
Atualizada em 02.11.2016, ÀS 10H03

Squeak the mouse
As animal strips dos quadrinhos, tiras que têm como protagonistas animais antropomorfizados, são descendentes diretas das fábulas e histórias infantis cultivadas durante séculos pelas mais diferentes civilizações. Por meio dos animais, os homens buscaram representar sentimentos e motivações humanos e torná-los mais assimiláveis aos leitores, uma atividade que normalmente tinha evidentes funções didáticas e educacionais. A respeito do assunto, afirma o pesquisador Roberto Elísio dos Santos:
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Mais do que simples literatura infantil feita para entreter, as fabulas protagonizadas por animais servem como um espelho para retratar a conduta do ser humano e de sua sociedade. O bicho perde sua característica natural, instintiva, e torna-se caricatura do homem. Mesmo quando mantém elementos próprios de sua espécie (a formiga que trabalha estocando alimentos para o inverno; a cigarra que apenas canta), sua função como personagem consiste em encenar, simular, atitudes humanas, exagerando-as para que possam ser mais facilmente percebidas. Dessa maneira, o cachorro falante que veste roupas não é necessariamente dócil e subserviente (como um cão), não é um animal travestido de gente, mas, ao contrário, um homem disfarçado em bicho, que, portanto, pode agir como uma “pessoa” comum (mora em casa, dirigir automóvel, deve trabalhar e é passível de sentir medo, solidão, raiva, contentamento.

URSOS, TIGRES E GATOS AMALUCADOS

Nos quadrinhos, as histórias com animais surgem logo no início da massificação do meio, com as aventuras dos Little Bears and Tigers (1896), nas quais James Swinnerton narrava as peripécias desses pequenos animais, acompanhados de algumas crianças. Criados para promover uma exposição na cidade de São Francisco, eles se tornaram tão populares que acabaram, de uma certa forma, possibilitando o aparecimento, em anos imediatamente posteriores, de várias outras personagens animais, uma tendência que apenas se intensificou na primeira metade do século 20.

Existe bastante consenso entre os estudiosos do gênero de que a maior figura das animal strips – para não dizer das histórias em quadrinhos como um todo –, é Krazy Kat, a genial criação do norte-americano George Herriman em 1910. Trata-se de um triângulo amoroso virado às avessas, em que uma gata é apaixonada por um rato, enquanto é, ao mesmo tempo, adorada por um cachorro; do rato, recebe ela apenas tijoladas na cabeça, que interpreta como veladas declarações de amor; das atenções do cachorro ela nem sequer se dá conta e nem mesmo que este age de forma protetora em relação ao rato, vingativamente colocando-o na cadeia a cada vez que este lhe atirava uma tijolada (pois ele, Offissa Pupp, era, literalmente, um cão policial, com uniforme e tudo...).

Nesta majestosa obra, os três protagonistas vivem suas aventuras/desventuras em um ambiente desértico, de abundantes sombras e incríveis cenários panorâmicos, em uma das maiores obras-primas que a arte dos quadrinhos conseguiu gerar.

TROCANDO FIGURINHAS COM O CINEMA

As animal strips constituem, talvez, o gênero dos quadrinhos que mais bebeu na fonte de sua mídia-irmã, o cinema de animação, ao mesmo tempo que lhe forneceu elementos para dezenas de bem sucedidas produções. Diretamente das telas cinematográficas aterrissou nos quadrinhos, em 1923, o impagável Felix the Cat, criado em 1916 por Otto Messmer para os estúdios de Pat Sullivan. Trouxe consigo, tanto para as tiras diárias como para a página dominical, os mesmos recursos metalingüísticos que o consagraram no cinema.

Do cinema também vieram as personagens Disney, liderados pelo camundongo Mickey, em 1930, seguido, em 1934, pelo Pato Donald. A partir deles, dezenas de outros animais fariam, então, a passagem dos desenhos animados para os quadrinhos e vice-versa, como Woody Woodpecker (no Brasil, Pica-Pau), Bugs Bunny (Pernalonga), Tom & Jerry, entre outros.

ANIMAIS PARA ADULTOS


Fritz the Cat

Mas nem só para o público infantil viveram as animal strips. Aos adultos, foram direcionadas as politicamente engajadas aventuras de Pogo, criado por Walt Kelly em 1943. Também a esses leitores, embora em outro circuito de distribuição, o das revistas alternativas, foi direcionado o animal antropormorfizado criado por Robert Crumb, o libertino Fritz the Cat. No entanto, a animal strip de conteúdo mais bombástico é certamente a premiadíssima Maus, criação de art spiegelman, que mostra os horrores do período nazista pelos olhos e vozes de bichos falantes, personificando (ou animalizando&qt;&) cada povo como um animal diferente.

Histórias em quadrinhos de outros países também enveredaram pelas trilhas das animal strips, como Fix und Fox, na Alemanha; Squeak the Mouse, na Itália; Chimpo’s Circus, e Korky the Cat, na Inglaterra, entre outros. No Brasil, especificamente, os exemplos mais destacados são A Turma da Mata do Fundão, de Maurício de Sousa, e as geniais personagens da série Pererê (1959), de Ziraldo Alves Pinto.

 

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