Por que você deveria ler as HQs dos Power Rangers, da BOOM Studios!

Créditos da imagem: BOOM! Studios/Divulgação

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Por que você deveria ler as HQs dos Power Rangers, da BOOM Studios!

Quadrinho baseado nas primeiras temporadas da série clássica dos anos 1990 se aprofunda nos personagens sem abrir mão da galhofa

Omelete
5 min de leitura
27.03.2020, às 16H45.
Atualizada em 28.07.2022, ÀS 10H00

Quase 25 anos após a transmissão de episódio final, Mighty Morphin Power Rangers segue no imaginário de fãs do mundo inteiro por sua grande influência na cultura pop. Ao longo dos anos, dezenas de séries da franquia, adaptação da produção japonesa Super Sentai, se apoiaram no legado das primeiras temporadas, trazendo Rangers, coadjuvantes e vilões originais de volta para de alavancar suas audiências.

Ciente do apelo da produção da Saban, a BOOM! Studios, editora responsável por adaptar propriedades como Hora de Aventura, Buffy – A Caça-Vampiros e Steven Universe para HQs, lançou duas diferentes séries dos guerreiros coloridos comandados por Zordon. A primeira foi Mighty Morphin Power Rangers, em 2016. Um ano depois, a editora aproveitou o sucesso da revista para explorar o início da carreira da equipe em Go Go Power Rangers.

Embora mostrem a mesma linha temporal, as duas revistas tinham propostas completamente distintas. Mighty traz o quinteto formado por Jason, Kimberly, Billy, Trini e Zack já acostumados com suas vidas heróicas de Rangers e lidando com a chegada de Tommy, ainda trajando sua clássica armadura verde. Já Go Go mostra o grupo adolescente em começo de carreira, tentando entender sua nova responsabilidade, poderes e como equilibrar a vida dupla na Alameda dos Anjos.

Mesmo que traga alguns temas em comum com a série – que era, em si, um conto de amadurecimento -, a abordagem psicológica e emocional dos personagens nas HQs, sejam protagonistas ou não, é mais profunda do que o mostrado nas três temporadas originais. Nas páginas da BOOM!, Bulk e Skull, que nada mais eram que dois valentões habituais, têm edições completas dedicadas à sua amizade e admiração pelos heróis. Rita Repulsa e Lord Zedd, geralmente caricatos, são vistos como ameaças mais sérias e têm suas origens aprofundadas, embora nunca percam o carisma e a graça apresentadas na TV.

Isso não quer dizer que a galhofa tradicional de Power Rangers é deixada de lado. Muito pelo contrário. Graças a Kyle Higgins e Matt Herms, dupla responsável pelas primeiras edições de Mighty, o quadrinho entregou ao público a tempestade de cores berrantes, ação exagerada e, sim, diversas onomatopeias destacadas entre diálogos e batalhas de encher os olhos.

Graças a essa abertura ao exagero, a BOOM! ainda proporciona encontros divertidíssimos em suas páginas. Embora os Power Rangers e as Tartarugas Ninja já tenham se cruzado na TV, a editora levou o crossover para um outro nível, dando a Leonardo, Rafael, Donatello e Michelangelo a oportunidade de morfar e de lutar dentro de seu próprio Megazord.

Outro bom exemplo de história que se beneficiou do aprofundamento de personagens e da fantasia trazida por Higgins é primeiro grande arco das revistas, Shattered Grid. A saga, também escrita pelo roteirista, uniu – e matou – diversas gerações de Rangers que se juntaram para derrotar o maligno Lord Drakkon e proteger a linha temporal e a Rede de Morfagem. O evento foi um dos mais elogiados da indústria em 2018 e considerado por muitos fãs como a principal homenagem aos 25 anos da série.

Um novo olhar para o legado dos Power Rangers

Mesmo dedicadas a manter o encanto que atrai o público até hoje para a série, as revistas da franquia não têm medo de embarcar, com certa moderação, no território do “sombrio e realista”, quando convém à história. Universos paralelos com Rangers do mal, futuros pós-apocalípticos e até uma ou outra decapitação são mostradas nas páginas de Mighty e Go Go, que, diferente da série de TV, não tem pudores ao retratar uma violência mais real.

Assuntos do dia-a-dia também são frequentes nas histórias. Romances adolescentes, divórcios, bullying, etc. são discutidos pelos autores que, assim como grande parte dos leitores, não se importam em usar a ação de robôs gigantes vs monstros apenas como pano de fundo para o crescimento pessoal dos personagens. Diferentemente dos episódios de Power Rangers, que costumavam terminar com uma lição de moral, os quadrinhos fogem de uma fórmula básica, tornando-se uma adição extremamente bem-vinda ao cânone da série.

As HQs também se dedicam a cobrir alguns buracos deixados pela série. Em suas edições mais recentes, Mighty mostra a verdadeira razão de Jason, Trini e Zack terem deixado a equipe após a primeira temporada e como Billy e Trini lidam com as chegadas de Rocky, Aisha e Adam, que substituem seus antigos companheiros, e a liderança “improvisada” de Tommy.

Enquanto isso, Go Go, que mostra o eventos antes de Mighty Morphin, traz a equipe lidando com a chegada de Zedd e seu exército, cuja força faz cada um dos membros da equipe questionar sua capacidade como “protetores do mundo”. A edição mais recente chegou a mostrar como foi o período de Rita em sua prisão na Lua e como ela foi afetada pela memória de cada uma de suas vítimas espalhadas pelo universo, permitindo que os leitores sentissem empatia pela vilã, algo que era quase impossível na TV ou no cinema.

Grande homenagem à série original, as HQs de Power Rangers da BOOM! são entretenimento garantido tanto para fãs do programa, quanto para quem apenas busca um novo quadrinho. Embora não seja necessário ler ambas as revistas, é inegável que tanto Mighty quanto Go Go merecem a atenção do público, não só pela qualidade de suas histórias e ilustrações, mas pela maneira como expandem o universo criado pela Saban. Duas das melhores revistas dos últimos anos, os títulos poderiam facilmente competir com propriedades de Marvel e DC caso recebessem um pouco mais de carinho do público.

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