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Crítica

Beck - Colors | Crítica

Artista entrega ótimo álbum se desprendendo de Morning Phase

13.10.2017, às 11H36.
Atualizada em 13.10.2017, ÀS 14H04

Em 2014 Beck lançou Morning Phase, álbum melancólico que levou o merecido Grammy de disco do ano. Três anos depois ele nos traz Colors, um trabalho completamente diferente do anterior, positivo, transitando em influências sonoras da década de 80 combinadas com bandas atuais, como MGMT e Arcade Fire. O álbum inteiro é uma surpreendente sequência ao seu último trabalho, com letras otimistas e toques psicodélicos.

Para a produção, Beck escolheu o renomado produtor, Greg Kurstin, que já trabalhou como tecladista em álbuns anteriores. Vencedor de Grammys por seu trabalho em 25 da Adele, Kurstin marcou seu nome no último álbum do Foo Fighters, Concrete and Gold, mas em Colors o resultado chama mais atenção. No álbum, Kurstin e Beck tocaram todos os instrumentos e trabalharam na produção juntos, e a parceria deu mais do que certo. O resultado é um disco incrivelmente coeso, mas que não deixa de ter destaques; eles são “Seventh Heaven”, “I’m So Free”, “Dear Life” e “Fix Me”.

Experimentação com estilos musicais variados não é algo inédito na carreira do multi-instrumentista Beck Hansen. Em Colors, o americano brinca com a sonoridade dos anos 80, trazendo o estilo para 2017 sem nostalgias e com muito entusiasmo. Na abertura, Beck introduz o álbum com uma flautinha marcante, e embala a música com bons backings e sintetizadores. Mas o melhor exemplo do reflexo oitentista do álbum é a segunda faixa, “Seventh Heaven” e sua dançante sequência, “I’m So Free”. Dá para perceber influências de Prince, Talking Heads e até Bee Gees

“Dear Life” é uma baladinha pop fortemente influenciada pelos Beatles, onde Beck conseguiu criar uma música que traz referências da carreira solo tanto de Paul McCartney como John Lennon. No miolo do álbum também está o single "Dreams”, escrito em parceria com Kurstin, onde a influência admitida de MGMT é mais clara. A produção desta faixa é um ótimo exemplo do trabalho em Colors; as músicas soam perfeitamente e dão destaque necessário para cada um dos elementos em cada momento. “Dreams” muda a atmosfera do meio para o fim e a transição é impecável.

Para os fãs das antigas, Beck traz um presente; “Wow” recupera o clima do disco de 2006, The Information, sem perder a atualidade. A música é um hip-hop, mas traz a já mencionada flautinha, presente em diversos momentos do álbum, tornando a faixa única. "Wow" é a única que não contou com Kurstin na produção e, em seu lugar, está Cole M.G.N, que também emprestou seu talento em produções adicionais em Morning Phase. Talvez pela mudança do estilo ou da produção, a faixa soa mais como um single separado do que real parte do álbum. Se há uma quebra de fluência em Colors, "Wow" leva a culpa. 

“Up All Night” e “Square One” funcionam como uma balada pop dançante em conjunto, e o álbum fecha com seu único toque triste, com a notável “Fix Me”. Uma melodia deprimente e uma letra romântica fecham um belo tracklist com o clima perfeito.

Muitos artistas fracassaram na tentativa de emular sucessos anteriores, principalmente em álbuns que seguem grandes lançamentos. A possibilidade de decepcionar as expectativas geralmente acaba criando álbuns pouco marcantes ou cópias do passado. Beck triunfou ao fazer exatamente o oposto: entregou um trabalho bonito e inovador, totalmente se desprendendo do que fez seu último álbum tão bom.

Nota do Crítico
Ótimo

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